CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

7 r 1fotfe11cia Mas, ft esquina <lo cemiteri_o, ua conf:h~cn– cia, da est rada com a rua de S. Vicente de Furn, apparecia um aguadeiro, seguido do seu carro puxado por forte boi melado, ,!e cornos retor– cidos em largas espiraes. Q dono do carro tra– zia calga e lilusa de grosso lJrim azul escuro , no– vo, com enormes lJotões lJrancos lustrosos. Ern u111 portuguez de farto lJigo<le louro e cutis tos– tada pelos ardentes osculos do sol. Gottas de suor brilhavam-lhe ua testa, por Laixo tio cha– pou de palha do Chile, e na ponta do nariz. As– soviáva ternamente uma canção popular 1lc 'rraz– os -montes, cuja letra comcga assim : Qucmdo eu qwiz, tit niío quije~tc;· (bis). O ·s1lJil,tnte som do assovío executaYa tcr– mtras mehincolicas, dul císsimas, qual nm suspi ro ·io teuso d'amoros:L saudade. Ern a man ifestação !.la nostalgía d'aquell c simples esp írito de trans– montano, safürado de poesia pelas lJrillrnntes e longas perspectivas das formosas eminencias ela sua provínci a, d'essas montanhas altero– sas, formando vardos cabeços e plumlJeos vall es pittorascos; cheios de vinhedos ft'racíssimos, de rumorejantes lJosquesiohos de pinlwiros resccn– tlentes a resina agradalJilíssima. Bortencia, porém, cruzara-se com o c1trro. O aguadeiro interrompeu o assodo, r.rn ,,·ou no rosto da raparigo, um profundo olhar fino corno a po_nta de U'll a agulha envenenada e clisse -11.t e 11, Aornr matreiramente: -0' mulatinha l,oni_ta, dás-ui'um Le ijo t -:-Vá á mertla, respondeu-lho Ilortencia mene.iando o corpo n'um gesto energico tl e enfa– do e pudicícia. A simples rapari ga tinlia horror ao homem,

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