CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

200 Marques do rJarnctlltó tnados. Era domingo e era noite. No meio da varanda, que dois candieiror, pendentes elo tecto allumiavam, erguia-se a mesa, já preparada para o bró<lio, rescen<lente a refogados gostos1)S, entre ramos de flôre11 fincados em pequenos jarros de louça on1inaria, sol.Ire a grossa toalha cuidadosa– mente 1:i.vada. As iguarias fumega.-am, convi– dando os circumstantes, e no chão, a um canto da sala, estendiam-se disparatailamente na terra batida numerosas garrafas de cerveja e botijas de genebra vazias. A maior animação transluzia em todos os semblantes: a forga aléoolica da genebra produ– zia o necessario etfeito. Uma vozeria infernal se levantaHt .a cada momento, nas acclamagões que faziam ao pequenito l\liguel, pasmado para toda a gente, pacato e meilita tivo cm sua roliça gor– ilura, a que uma pontinlJa dM quasi -ohesidaile imprimia a similhanga de gracioso anãosinho bo- nacheirão. , Lourengo contava exuberantes historias á companhia, muito fertil em phantasiar casos e passagens, que elle affirmava authenticos e reaes, cheg:indo mesmo a enumerar os nomes das pes– soas com as quaes se tinham dado. De boamente applauclia o atticismo das proprias creações chis– tosas; e os conviyas acompanhavam-n'o tiimbem meritori amente, ;1•ara se tornarem agradaveis, produzindo em seu beneficio maiores ilireitos á~ gordas gallinhas que se alinhavam na mesa, en– colhidas em sua final tranquillidac1e, ostentando as bellas e tosta{las epiilermes loiras dos delicio– sos peitos em evidencia. -Mas vamo' p'rci mesa, LourençO" !-disse Hor_tencia ao aJ,Dante, apontall(]o com o beigo os numerosos quitutes exhibidos pei:ante todos. Vamos lá, minha gente! exclamou logo o

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