CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

• 198 .ilforques de ,Om·valho tava ao c6llo o pequenino corpo, muito socegado e innocente,ea sua quE'ritla Hortencia ! Fa·,larn-as mal a Rorte : demoníaco poder hovia arrastado sc.ure suas cabegas a tormentosa. agglomeração de agoirentos nimbos e causara a desgraga cfo amuas com a sua inevitavel separagão. Ella por ali ficaria até á morte, vagueando sem rumo nem aspirações felizes pelos enormes campo:i da Ma– raj6, ás horas de tempestade, a ver se uma scen– telha electrica transviada possuía a forga ele prostrai-a cxanime, encarquilhada em sua caruo– nisagão,-descansando, afinal, da laboriosa exis– tencü~ que levara no mundo, perseguida. ele in– fortunios, perante a lemlJranga de -que, longe tl'ali, na capital, sua filha se macheava infame– mente com um mulato hediondo, chamado Lou– rengo, que era nem mais nem menos do que seu proprio irmão !.... As ultimas palavras d'esta reflexão haviam sido pronunciadas em voz muito alta, com furia-, entre a escuridão do quarto. A sua violencia por um instante sobrepujou o som da chuva que alagava toda a villa e o c1uro rolar <los trovões soturnos. Mas, como, se exham:isse to<las as forgas, aquella pobre allucimula encollJeu-se toc1ii. na -rede, com um e tremecão, a chorar copiosamen– te, e calou-se logo ,]epÕis, como pesando a. inten– s.idade elos seus ,ingentes tormentos. E,na vibrátil amplidão illuminada de relam– pagos successivps, continuaram os arrnidos da chuva torrencial deslisando impassivelmente, como o pranto 1 da immensa natureza lavan<lo na t:erra as pégadas de todos os infelizes que bus~am a morte sob o 1 rillombar dos trovões, . em no1tós ·ue tempestade. l

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