CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.
Hol'feitcin 105 <lesconhecivel na escuri<lão tempestuosa <la rua batida pela chuva e apenas allumiada momen– taneamente pela deslumbrante fulgmagão dos re– lampagos, illuminou-se com a luz da cantleia e apresentou então um corpo de preta vestido de variadas saias de chi tas sombrias, quasi negras, salpicadas de largos rasgões, pelos quaes se en– trevia a epiderme escura. A cabega estava amar– rada por um lengo preto em form:,, de turbante musulmano ; calçavam os 11és rusticos sapa. tões safados, que -vibrava.m como fortes martella– <las sobre os tijollos do pavimento. Um suspiro <l'alliviado contentamento saiu <lo peito d'aquella mulher, assim que sentiu-se abrigada. Seus olhos a.nd <t.r::un ligeiramente nas orbitas,,percorrendo o& á.mbitos da sala, como re. conhecendo todas aquellas paredes, sn.udando os caixilhos das portas, a b'.1.n:tl candeia que estava no cbão, as roupas lançadas sobre a caileira, a claridade do cautliei,ro, no fundo elo quarto, 11, esgueirar-se indiscreta pelas aberturas das por– tas que esperavam os vidros. Sua physionomia pouco tinha fü1 notavel : apenas uma grande correcção de linhas, que tor– navam-lhe o rosto sympathico, bbnito quasi, po– deria dizer-se. A mulher apagou a candeia, atravessou a sala tirando a roupa e entrou nl\ alcôva, onde acabou de despir-se. Os movhnentos que fazia eram vagarosas, compassados, machinalmente medidos e regulados, como se os produzisse uma llypnotisada. Detinha-se, ~ís vezes, no meio do aposento e entrava a mellitar, cbm os olhos pre– gados ao tecto, onde a chuva continuam a cair violentamente, e sol.ire o qual t·oava ele espaço 11, espaç) o cavo brall\ir do trovão. Mas continua. ·va p,rnco .depois, encolhentlo com fo11ifferenga os
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