CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

104 llarques do Cm·vallto o peito, como cheia d'um largo desconsolo displi– ·cente. O ~eu an?ar possuia esse quê de vaporo- . -ao mysteno, rnmto vago e indefinido, das perso- 11agens das lendas amazonicas, onde as seducto– ras yáras , deslisam mansamente no ar, a pouco.s palmos da terra, com a suave elegancia das soru- .bras de grandes nuvens. Ja sempre &ideante, sem retardar nem aprernar os passos, tranquillo, de– cididámente, medonho pela socegada resolugão tenaz de que dava cópia. Assim andou o vulto a extensão toda da rua. Ao cbeg~r, porém, quasi ao seu termo,. deteve– Be repent1name11te, com uma estremeç.ão d'alto a baixo no longo corpo sobre o qual o negror das– vestes esvoaçava sinistro com a violencia da bor... -rasca e mais tétrico ainda sob o refulgir medo– nho dos re1ampagos no espaço. Deteve-se em frente a uma pequena cabana embarreada, de janellas e vortas mal fecbauas nas juncturas das tábuas e, empurrando a. follla da entrada princi– pal, penetrou-lhe no interior. Era uma salasinba estreita e vasia, bunal em sua nudez, contendo apenas uma cadeira commum carregada de roupas de mulher, quasi incolôres na grandemiscellanea em que achavam– se baralhadas. Uma candeia de petroleo, posta no chão, aUumiava-a. Ao fundo, uma porta de vidraças em losangos, mas desprovidas ainda de vidros, mostrava o interior de negra alcôva tris– te, á qual dava froux:~ claridade um candieiro de kerosene :fincado ao barro cinzento da parede. N'essa alcôva, uma simples rêde de fios azues .e .lmmcos fazia o total dit mobilia, sob os ternos olhares enlevad(!B de algumas <luzias de imagens 4.~ santos, em lithograpbias baratas, pregadas por aqui, por ali, na seccura áspera das paredes. · Entran~o na sala, o vulto que se tornava

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