CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

156 Marques <Zc Cnrvalho j.Jlusorias phantasias elo amo r sentido pelo ho– mem a quem dera a exist eucia. Jámais lhe per– doaria a ingratidão, a brutalidade grandemente sacrílega, sacríl ega.mente d eshumana e cega. Por outro lado, Hortencia, com a sua de.-honra, com o impudíco desplante que exhibia, ao con– fessar o seu erro, destruira-lhe o ri sonho encan– to em que vivia adormecida a sua pobre alma sonhadora e meiga. Afigurava-se-lhe ás vezes i:;er tudo aquillo um sini t1·0 pesadêllo ao qual não podera ainda esquivar-se; mas b em depres– sa, reconsiderando cm todos os factos, r e– cente ainda, obtinha a amai:íssima convicção <la negra verdade molesta e luctuo, a. Ella já findara a sna missão no mundo :-gerar os fi– lhos, dar-lhes a vida ent re horroro5as dores, de– dicar-se a elles eni sua infan cia, creal-os com exaggerados e numerosos carinhos, supportal-os 11as enfe1•midades, consolal-os em suas tristezas, dedicar-lhes sempre a inconcebível g randeza do seu incomparavel amor. Presentemente, cresci– dos, totalmente desenvolvido., prescindiam dos seus cuidados, como os pintaínhos abandonam a mãe assim que podem per si sós procurai· os grãos de milho entre as junturas das pedras. Um téclip pela viela esco rregava-, e-lhe no cora – ~ão, melancolicamente. E era um g rande des– consolo para ella ter d·e viver ah, entre quatro parede·, vendo os filhos acarinhando-se constan– temente, nas g rancli o.-as expausões do seu amor, . em lhe consa.g1·ar em nma só palavra terna, uma J.oce exp ressão, a son,1bra suave e fugidía cl'um pequenino a,ffecto ! Dias passavam-se em que'não via Lourenço. O mulato 1;ecolhia tarde, q1tanclo já dormia a, velha., ou pernoitava fóra de ca. a, em compa– i1bia d'algi\ns amigo. . Outra: vezes, quando

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