CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

15-1 Jlfa1·g11es de Carvalho instinct ivamente se estenderam para ca tig ar o jnsulto ela velha mãe enfurecida; quasi empu– nha ram-lhe a garganta, geladas e tremente . Mas abateram-:e logo, sem forças no arrependt– mento do rapaz, que dominou-se a tempo com um gesto magestoso e sup erior d'homem capa– citado da sua força. Os olhos d'elle cravaram duríssimo olhar no semblante da velha, como poderosa r ecriminação; sua bocca entreabriu-se com um sorriso escarninho, eatnrado da nativa philosophia do motejo sarcastico e f erino pel,o desprezo que revela. As mãos levantaram-se ele novo, agora vagarosaniente e descreveram no ar um gesto largo, como para afastar do eu alcance aquella mulher, e projectaram na snper– :ficie escura da parede em cal a negra movimen– ta,;;ão de g randes sombras ph'1ntasticas subindo a té ás palhas do t ecto. 1"Iaria deteve-se, e tarrecicla, após r ecua r um passo ; depoi , com um assomo de r aiva ner– vosa, correu para elle, com as mãos nas ilha r– gas, o mento saliente n'um apertar euerg ico de gengivas desdentadas e g ritou-lhe no r osto, a salival-o abundantemente : -Bate, corno, bate ! Anda, g ranclis ·íssimo f .... da p ... . bate, si tu fôr capaz ! Antão t n pensa qu'eu sou d'essas m.ulh é da rua, d'essas ordin a ria que tu surras quando nílo querem fazê velhacada comtigo ? E. tás muito mal enganado, i:;e u cachôrro ! Aqni ha pul s.o, aqui h a p,1lso ! ~ , acudia o punho fechad o junto ao 1iariz ,l e Lo urenço, que impellin- a com b randura d'ao pé de si, pinanclo : - E' ;milhor v1.mçuncú i1· , e deitar. -J\fas eu quero que tu mê dês, patife, cana-

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