CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

144 Júarqnes ele Ocirvalho Pela madrugada, quando Lourenço, cautel– loso, levantava-se para recolher-se ao seu quar– to, antes da velha Maria acordar, despertou Hor– tencia, a sentír novos engulh os que atordoavam– n.'a ele móclo quasi insoffrivel. Doía-lhe a. cabeça; um enjôo persist ente sacudia-lhe o esto– mago, excitando-lhe os vomitos. O amargor que .sentia no paladar iormava-lb e uma. saliva grnssa na bocéa ; e parecia-lhe andar no ambi– ente do quarto um cheirb innom inado, extranho, uma como exhalação d'e camas de tainha, nm pitiú in so:ffrivel. Ergueu-se ás pressas, ouspinhando mnito, vestiu-se rapidamente, de ejando safr para be– ber o ar livre da manhã nascente, no quintal. V eiu para fóra; mal, porém, ultrapassara o limiar da porta, grogolejou-lhe a garganta e um jacto de bílis saiu-lhe com violencia pela bocca, suj ando-lhe o paletó de chita r ôxa que tinha vestido. Quando a velha Maria appareceu, dcn-sc pressa em communicar-lhe o que senti_a, attri– buindo os s~firimentos a uma indigestão do jan– tar do dia antecedente. E como a pobre velh a se mostrasse afllicta em vel-a assim doente, sor– riu amavel, acarinhou-a com as pontas dos dedos frios e procurou tranquilli al-a. Que não er a nada aquillo; logo mais estaria melhor, se não bôa ; um chá íl.e cascas de lima h av ia de r esta– belecel-a. -Pois en vou fazê o ch á, mi'a filha. A' tarde, effectivamente, nada sentia, al6m de pequenos enj ôos, que não desejava dar a co– nhecer á mãe; porém no dia seguinte, acordou tão incommcrlada çomo na vespera, e foi para ella um grande supplício ter ele sair muito cedo, o

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