CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

Ho!'tencia 139 -Que barulho é e te ? inqueriu imperati– vamente. -E quem é você, eu orno? retrucou um dos homens, levan tanclo para elle uma grossa ben– gala, ao tempo que a meretriz, as ustada, corria para o inte rior ela casa, levando as mãos á cabe– ça a lamentar-se feminilmente. Lourenço desviara o corpo com a maxirna destreza;.e, sem perder um momento, descarre– gou pesado murro ao nariz elo aggressor, cujo peito deu escapula a penetrante grito. Os dois outros aclversarios fizeram um claro, atemorisaclos pela coragem de que dava provas aquelle homem; e o mulato, ao mesmo tempo, saltava agilíssimo pela janella da J?rostituta, e fechava-lhes com estrépito as gelosias, gritando aos contendores : -Pois fico eu, seus merdas ! Quando saíu d'ali , para recolher-se ao seu domicilio, desesperançado de encon trar-se n'aquella noite, com o antigo sapateiro , era ~ hora em que as ultimas estrellas recolhem as friorentas cabeças ao manto do :firmamento bor– dado, pela arvorada, de pequeninos flocos bran– cos; em que o crescente de contornos esfumados é apenas u_m ligeiro vapor que fluctúa, fugindo, entre as louas syr tes,-as nuvens; em que tudo canta o radioso hymno do acordar, os passaros sacudindo as pennas molhadas elo. orvalho e sal– picando as folhas com uma poeira diamantina, o rio onde o vento matinal produz um arrepío so– noro, os bambús, cordas d'uma grande lyra na-

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