CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

Hortencia Urbana, onde, justamente, como estavam para ser 7 horas, um trem preparava-se afim de Se– guir para o Marco-da-legua. Toma-mm assento em um dos carros e bem depressa eran transpor– tados pela estrada da Independencia, ladeada de frondentes rocinhas, de onde capitalistas saíam; encadernados em longas sobrecasacas, para o matinal passeio do domingo. Agora, ás portas rlas há.cara , grupos ale– g res e palradores appareciam animadamente, fi– tando curio, os o trem, cochichando com interes– se, porventura a respeito de dois inglezes que u'elle iam no segundo banco, vestido de case– mira de xadrez graúdo e empunhando grandes rêdes de cambraia apropriadas ao aprisionamen-· to das borboletas. Lourenço mirava-os a cada momento, sem entender-lhes a conversa guttu– ral e rapida. E a enfe rmeira, debruçada para traz, n'um enlanguescimento, deixava-se levar, toda envolta u'uma volupia a que não estava habituada, com o olhar cravado na estrada, que seguia por ali f6ra, longamente, toda manchada de louras flechas de sol passadas entre a move– diça folhagem das velhas arvores sursurrantes. l\'Ias, chegando ao largo de S. Braz, teve Lourenço um grande sobresalto, que deixou-lhe o coração a pular-lhe no peito, pelo imprevisto do acontecimento. Um sujeito coberto âe p6 e suor seguia para a cidade, sem , olhar· para o trem, com uma trouxinha de roupa na ponta de nodoso cajado de pequiá e o irmão da enfermei– ra tinha reconhecido n'elle o Claudio, o antigo sapateiro da rua das Flôres, o marido da Anto– nia, o seu maior inimigo, que des_apparecêra da cidade ap6s a morte d'ella no hospital. Gelou-se-lhe o sangue. no peito e,· no entan– to, a· .sua fro_nte , cobria-se de um suor.· que lhe '

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