CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.

Hol'fle.ncia .. amor. Porém essa filha fugira um dia de casa, ,com qualqut r seductor acanalhaçlo das ruas– e começára então para o velho Pedro Alves :aquella descaída fatal no conceito publico, pelo p,buso da cachaça a que se entregava para afo– gar o seu profundíssimo deõgosto. Começaram a faltar-lhe os amigos, primeiro com acanha– mentos pudícos, bypócritas, b-em de_!)res a des– assombrada e francamente. Ninguem mais o procurava; ell e é que apenas buscava o taber– neiro da esquina, ,, eu pi- ocur:l.dor para cobrar todos os mezes o dinheiro dos alugueis da casa. :&ntrou a servir de bôbo-quanclo e tava éb rio, -para os moleques e ociosos do bairro. E an– dava assim, nas occasiões de embriaguez, a in– commodar a vizinhan9a com as incon,eientes declamações emporcalhadas do seu desabrido estylo arrastado. -Porque você não vae dormir, vizinho? perguntou-lhe :Maria em voz branda, para o tranquillisar. · • · -Porrrquê ? P 9rrrquê n~o quero, ouviu? -E abemolava a voz nais vogaes agudas, a pro- ~mncial-as em falsete.-Qn~ têm v9cê com– mi .... go, não me . . .. dir{t? 'Olhe que eu sou levado da carepa, siá Maria ! '1'6me tento com– mi .... g o ! Depoi s, se um homem lhe der co'um gato morto na cara, vá-se queixar ao bi po ! -Deixe de rôlo, seu P edro, objectou Lou– renço. Aqui ninguem não quer brigar com voce. N6s é tudo amigos, já 'viu? -Ah! bom ! Se assim é, fica o d ito por não dito! -Assim qu'é bom. -Q' Lourenço . .. . tu qué cachaça ? Que não, respondeu-lhe o outro. F azia-lhe mal ao estomago a b1·anca ordinaria das taber- 15

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