CARVALHO, João Marques de. Hortencia. Pará: Livraria Moderna, 1888. 230 p.
Hortencia 105 Pacificava, por convenieneia, os ardentes esto ·tlo eu sang ne incendiado pela a piração carnal, pelo immoderado de ·ejo de conqui. tal-a valen– temente, rebavel~a ao dominio da sua pe soa, e do seu espirito. Fing ia-se e quecido do pa ado, todo entregue á reconstrucção do en f ut uro con tricto e r edempto r. Ma , em realidade, o es– pírito andava-lhe pos nido de uma paixão cuja iutensidade sub ia ao delírio, para tomar a pro– porções de verdadeiro furor. Uma loucura ín– tima sob a apparencia da mai socegada pa– catez. Uma occasião, n'um domingo {i tarde, acha– vam-. e reunidos no quintal a familia toda e quatro vizinhas velhas. Conversava-se na edade de cada pessoa, quando, chegando á de Horten– ci~, uma velhota, que t inha um filho ca a– doiro, lembrou o a lvitre de começarem a: pen. a r na mudança de est.-1,do da enfermei, ra. Que era muito cedo ainda, muito cedo, opinava, n, mãe, a olhar par2, a filha, pretendendo estudar-lhe no ro to a impres ão do dito da vi– zinha; uma rapariga pobre como Hortencia s6 dos 25 annos em clean te deveria pen sar em ca– samento, depois da formação do seu dote, á força de muita economia. Invad iu um grande rubor ardente o rosto ela joven enfe rmeira, que erg ueu para o ceu o·olhar, sinrnlando distraír- e. E nada r e ·ponél.eu , nada op inou a 1:espeito do as. ump to, ao tempo que Lourenço, muito pálli– do e conturba.elo, levantava-se nervosameute e ,'aÍa para a var1111 da, a enro lar \llll cigano com - o· dedo<s tr6mulos e r ege lados, dizendo : - Pois eu, s_i fo e mulher, não me casava nnn ca. Outra v_iúnha, sen tada jnnto a ·Horten ia, tinha .as mesmas idéa favo raveis ao ce liba to. 14
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