MARANHÃO, Haroldo. Flauta de bambu. Rio de Janeiro: MOBRAL, 1982. 64 p.
OSMAIS RECENTES AMIGOS Pnru mim,. são dois pompons amarelinhos, iguais exatamente, que piam, plnm, correm nervosos, piam. O seu senhor todo-poderoso batizou-os de Alexandre e Totó, sabendo muito bem qual o Totó e qual o Alexandre. Ei, Alexandre, come aqui, come! Vem você também, Totó. Os pompons bicam uns farelos de milho e logo se desinteressam, procuran– d eles próprios catar adiante o que lhe apetece. Mas empalmados são e dirigidos para o milho., Comam, comam. Totó-ó, ei Totó! Alexaaaandrê! Já sei: tão com sede, n!Io é? Parece mesmo que estavam. Talvez também com calor, pois alvoroçados patinham na tampa da lata de manteiga. Mas de forma resoluta são retira– dos da refrescação. 1ão xujando a água Não podem beber água xuja não. Da casa vizinha trouxe uma gaiola e nela encerrou os pompons, pôs-lhes ugüinha, milhinho, folhinha de alface, banana, resto de salada de frutas, um pedaço de goiabada. Papá-ê. Olha só que bonitinho, olha! O papá-ê captou nos olhos dos cativos a mais pura chateação moral e decidiu intervir, ponderando que o melhor mesmo era soltá-los, pinto gosta ó de terra, de se mexer por aí, não devemos prender ninguém, nunca, nem passarinho - e nem pinto. 61
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