MARANHÃO, Haroldo. Flauta de bambu. Rio de Janeiro: MOBRAL, 1982. 64 p.

AZUIS. CALMOS. , AZUIS. A desconhecida levantou para os meus, seus olhos azuis, a que se seguiu vacilante sorriso, e havia além do mais epiderme e cabelos que se harmoni– zavam, criatura angélica surgida assim. Há muitos anos que ninguém me sorria assim. No ar, ainda os percebo, os olhos azuis, que a cor estagnada permaneceu no espaço vários minutos. Muito alegre e muito atônito, foi assim que desembarquei do ônibus. Ô maigod, pudesse eu manipular os cordéis, como nos teatrinhos de mario– nete, e ela estaria - agora - nesta sala, que sua seria, e tudo o mais, calada certamente, atenta certamente, olhando azulmente e devagar de um qua– dro a outro quadro, detendo-se quando um pensamento dominante a im– pregnasse. E calma e calmo, ambos em paz, a música espalhando-se e cingindo-nos. 57

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