MARANHÃO, Haroldo. Flauta de bambu. Rio de Janeiro: MOBRAL, 1982. 64 p.

- Minha filha, você não vai estragar a vida desse doutor. Ele é chefe de família, pessoa maravilhosa como você sabe. Isso tudo não passa de fogo de palha, de homem que não brincou na mocidade. Você vai viajar agora mesmo para o Acre. A bagagem eu mesmo já arrumei e a passagem está aqui. Tentou a Julietinha espernear, mas foi inútil, que a senhora em pessoa a levou a bordo e só saiu do cais quando o navio soltou as amarras e teve a certeza de que fizera a menina sumir das vistas de Prudêncio. Este mostrou na cara dor de viúvo golpeado, mas foi ainda a boa senhora que lhe resti· tuiu os pés ao chão e a cabeça ao seu lugar, que é exatamente em cima do pescoço. Não sei que espécie de reconhecimento terá Prudêncio manifestado à ben– feitora. Não sei. De minha parte, presto-lhe a homenagem de consignar-lhe o nome aqui: Ana, muito embora todos a conheçam na cidade pela forma diminutiva, que é a forma pela qual se besunta de mel as palavras. 51

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