Femea
PAGINA 76 ANT0!\10 TAVERNARD -Oie ! Nem a perposito-falou o .Miralha-Ê; aquella. U'a bebada. U'a coitada. Condo o homi della lhe deixô, cahiu na vida, deu pra bebê, e virou porca. U'a immundicie. Um lixo. Paulino não o escutava já. Tonto de dôr e pena, corrêra para o meio do largo, onde a infeliz, tro– peçando num calháo, estatelára-se na pôça for– mada pela .chuva da vespera, sob a vaia implaca– vel da meninada encarniçada : -Matinta!. .. Veia coróca ! ... Chii ! ... Chii!. .. O homem curvou-se, agarrou-a pelo busto, ergueu-a e, meigo, a mão tremente, pôz-se a limpar com o lenço a sua face, uma fa0e gasta, sordida, crivada de rugas e marcas de ferida, deformada pelo vicio. Ella deixava-o agir, abobalhada, mirando o com um ·olhar idiota de quem não está acostuma– do senão a trampêscos e pontapés. , -Candóca, sou eu ... O Polino ... Ouvindo-o, os olhos della resuscitaram num vislumbre de intelligencia, do reconhAcimento, de lemb1;ança .. . -Ah! ... E' ocê? E numa entonação amarga: -Ocê veio aqui pra tirá fórra, num foi ? Tá bem ! Eu lhe disse um dia : «Ri quem pôde». Ocê pode, agora. Ria, ria de mim ! ... Cabishaixa, ficou esperando a gargalhada vin– gadôra. Porém, como esta custDsse a estrirlular, le– vantou as pupillas, e ficou toda trêmula, toda es– pantada ao ver que, dos olhos delle, pelo rôsto contrahido e amargurado, lagrimas de lastima, de perdão, de a·môr ainda, rolavam, uma a uma, vagarosamente.
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