Femea
PAGINA 73 FEMEA lis syilabas, sem reparar que o amôr já lhe suppri– míra o eu, repetiu : -Amo! Depois, calou, todo submerso numa introspec– ção profunda, querendo pesar com o pensamento tudo que lhe ia de nôvo por dentro. De nôvo? Não, porque sentia que esse sentimento que o agitava, sempre estivera, em estad9 latente, dentro de si, a<:sim como certas peças que, em algumas machinas, só entram em acção muito empós as outras, rema– tando a taréfa, concluindo a operação. Elia chamava-se Candóca. Candóca dos Anjos– E era um anjo tambem. Um anjo que dezoito an· nos vividos no sertã_o tropical haviam transforma– do em mulher more1rn, olhos grande e nêgros, pcs– tanúdos e quebrados, bôcca mimosa e humida, corpo talhado em curvas perfeitas, isso tudo sus– tentado por dois pés pequenos e gordinhos que, quando dançavam o baião, roçagando de leve o ' terreiro,criavam azas, azas de beija-flôr,num pisa– dinho. tão meudo e faceiro que até davam desêjos, aos que os viam dançar, de calçai-os com a pelle do coração. Mas era orgulhosa a cabôcla. Olhava os ou– tros por cimn dos hom\)ros, como as im peratrizes, como a estrêlla ela tarde. Tambem, tinha razão. Porque, bonita como ella, em dez leguas em redôr, só havia a Nossa Senhora da Graça da igrejinha · villarêj a. E Paulino amou-a, amou-a muito, demais ... Pensando nella foi que arriou ancora naquella zona, renunciando a vida aventurosa e independente, planejando dereubar matto, coivarar, roçar, semear fazer plantio. Tudo por ella, por ena, que não
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0