Femea
PAG!NA 63 F E M E A suas palavras, indagou do patrão se já podia reti· rar.se . Da garganta contrahicla de Almeida, uma syllaba cahiu, enrouquecida, quasi aphonica: -Vá ! A anciã sahiu. E, tendo, agora, nos rostos, a pallidêz mórbida dos cadaveres , os tres figuravam tres mumias antigas ou tres blasphemos rnytholo– gicos surprehenctidos pelo castigo divino e trans– formados em estatuas de alalrnstrn. A mesma an– gu~tia os anniquilava, o mesmo pensamento horrí– vel lhes cauterisava o cel'ebro: um, entr e elles, estava condemnado, pois todos haviam comido das cerêjas fata es. Qual o envenenado '? Qual o que, dahi a algumas hor:as, dançaria o bailado funambu· lêsco d_a_loucm a, babando, ganindo, contorc 1 ando· se até-a 1~1urte cruciante de toçlos os hydrophobos ? Qual'? Não o saberiam senão quando, declarada a crise., o desgraçado começasse a ullular. Uma hora arrastou no aposento os seus ses– senta minutos de expectativa indescriptivel. · Qual'? Ainda não o podiam saber. 86 o que percebi am muito bem é que um entre eUes tin11a , · girando nas veias, a peçonha mortífera, infallivel na sua crueldade. Aos tres, acudiam vontades dispares: queriam corre.-, gritai·, agir, fazer qual· quer cousa, emfini, que os desvencilhasse daquella . attonia que os subjugava com mão de ferro. Em J vão ! Afinal, Luiz, empós um esfôrço gigantêsc6 para domar os nervos tensos, pei·guntou: -Al...meida ... não ha... nenhum... anti...do... to'? Estas palavras fragmentadas, tal fossem pro· feridas por um ébrio, produzimm, na alma daquel- · les de'3g t•açados, effeito identico ao de um metal candente ao tocar um corpo humano. Arrancaram-
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