Femea
I'AGINA 52 ANTONtO TAVM\NARD e asperos, segundo o talhe do vestido e o delineio da moda. Podia -se affirmar que a sua carnução soffria mimetismos. Ademais, ignobilisava-lbe a physionomia uma bôcca polpu<la, rubra como o môsto das pitangas, os labios de quando em quando humedecidos pelo roçagar da lingua rosada, e comprimidos por den– tinhos alvos e iguaes. E quc_riso, o seu! Se silenciôso,. se sorriso -11m arregaç,ar labial, entre lascivo e pudico; se sonante, se gargalhada-um echoar estridente de chrystaes partidos nalgum fim de orgia, nalgum t6rmino de bacchanal. Tinha um riso de fauno aquella moça. E a morál, o temperamento, a conducta? Uma li$a de pudicicias e baixêzas, de frialdade e luxu– ria, de honestidade e crapnlice. Tudo isso dentro de vinte ::nrnos, apenas, e por traz de uma religiosi– d:crde inatacavel. Só mais tarde vim a saber que ella levava, na bôcca, para a comrnunhão, a marca deixada pelo chupão dos. seus amantes . .. Apresentaram-m'!l, a meu pedido (dessa vez foi a môsca que attrahiu a aranha) ná época em que eu, .numa ansia desculpavel em quem começa a escrever novellas, buscava casos incommuns onde .bebesse ensinamentos de ' psychologia pathologica. Impressionava-me, então, ';) genero tenebroso de Põe. lmital-0 1 sonhava e.u , mas dentro da realidade, arrancando pedaços da viµa vivida e transportan– .do os, palpitantes ainda, para as paginas dos meus . livros . · Não me er~ segrêdo o procedimento extranho dessa semi·virgem que, por ell.e lhe ter roubado um beijo, esbofeteára certo rapaz a quem, na vespera,
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