Femea

PAGlN'A 26' Á.NTON(O T AVIJ:Hi)[ARD . . .. O seu olhar volitav~ em torno. do Rabbino e . do Musico, inwlorandó um {>rodigio, supplicando o im possivel. · . · . De repente, esgase.adas as pupillas,os· lábios. · ·(lontràhiçlos num esgar, abµlico, hebetisado, tendo "estampado em cada linha da face um espanto, estupidificado pela -attoni·a , do sobrenatural,· o• ·artista viu o cre'adôr da Missa Eucharistica e o ·éompositôr da Missa em Ré des~ollarem-se da téla e do lenho, e caminharem para elle, aéreamente, um vestido de branco, outro enroupado ·de úegrou, ·0 Deus que foi quasi Hm homem e ó homem que foi quasi u111 Deus. . ' . · · As duas sombras phantasmagó1~icas chega– ram-,;e á sua cadeira,' tpmaram-rio pelos hombPos · num gésto çle doçura sideria, arrancaram -no do eter– no marasmo; e, apoiando o, guiando·o;. Jevaram-no ·até ô asseúto .do piano cujo teclado sob a pre-ssãó 'dos dedos revivificados, . gemeui a principio, nurn ·moderado, ·para encachoeirai·-se, logo após, rebra– mindo, num crescendo magistral, inagnifico, pro~ digiôso que encheu a sala , o ambiente, ·a ·tarde, o crepueculo com a magia sohrehuman a da sua g:ran - ' 'cleza genial. · . . . · : · Quando a familia accudiu áquella melÕdía 'phantastica, o artista desgraçado, ·contorcido , so– bre o instrume11to, exangue, uma· expressão ·a~ 'tríum. pho no sem.bl ante, expirár a , ao expirar a - symphonia do personà gem mythologico, a sua 'propria syinphonia de Prome theu - acorrnn tado, :Prome~heu - livre, Prometheu~ rn ôrto. · , ' '. '· · Na parêde, n ymbados pela luz · r ôxa das viª traes . v iol êtas, a face de Jesus· parecia sorrir e .o rosto de Beethoven parecia chorar . .

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