Femea

PAGINA 24 ANTONIO TAVERN>PD Era a paralysia preconisada pelos medicos que começava. Porém, o. mais horrivel fôra o elle sentir que o mal, em pleno desdobramento de sua marcha inexorave!, ia subindo, aos poucos, lentamente,comb · uma onda de gelo, algidando-lhe as fibras. Ao presentir isso, teve um gesto de revolta trágica : atirou-se do leito ao chão, e, de rastos, reptando tal salamandra agonisarite e disforme, escun;iando de cansaço, aos soluços, arrastou-se até aos pés de um velho crucifixo de mogno que estendia seus braços esquálidos po·r sobre um retrato, a oleo, de Beethovem. Soerguido, emp6s, a meio cor– po, num pedido supremo, mixto de supplica e impre– cação, desesperado por advinhar seus braços bem depressa enregecidos tambem, trazendo-lhe ·assim a imposibilidade de continuar os seus concertos ma– ravilhosos e as suas composições magicas, sem saber ao certo a quem se dirigia, se ao Propheta, se ao Maestro, ·clamou, allucinado, louco: -Senhor, que á paralysia não me chegue ás mãos ! . .. Que, nestas, perdure a vida para a vida da arte! . .. As mãos, não, Senhor, por piedade! . .. Mas nem o Nazareno nem o Allemão o es· cutou . . . E o mal foi subindo, subindo, ramifican– do·se pelos braços, pelos pulsos, , invadindo as mão§, até que, por fim, ? desgraçado yiu se~s degos penderem, confrangidos, como as pernas h· .vidaH de uma grande aranha morta. O homem alteou a face, descerrou 08 labios, quiz falar, lançar um anáthema terrível sobre aquellas duas imagens que não o haviam soccor– rido, mas sentiú a lingua conviulsionar-se, e a gar-:– ganta apertada por tenazes d'aço, deixando es- . .,

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