Femea
ANTONIO °TAVERNARD Mas não amavas o teu marido? Não te tratava 'bem? Purêza Era um anjo e eu guardava por elle um affe· cto grato da sua dedicação. Comtudo., quando o outro surgiu no meu pensamento, não sei o que senti. Alguma cousa que não sentia por meu ma· rido, nem por ti, minha mãe. Toda eu curvei-me ao jugo de indomavel paixão. O que fiz para ven– cer o meu amôr criminôso ! os horrôres que car· pi!... Tudo baldarlo ! Cahi como uma gallinha. Depois da queda, o martyrio accresceu, mais cru– ciante ainda; Após o peccado, o que restava em triim çle impolluto - os teus exemplos, a minha religião - se revoltou contra a minha falta . I>o ou· tro lado, a seducção a·vassaladôra impellia-me para o pod_redouro. Ah ! mãezinha, não imaginas o que soffri. Fiquei gravida. E . isto que para todas as ·mulheres, até para a mais infima, é inefavel .gôso, para mim fez-se lança de remorso a lar,erar-me a alma .Era o fructo da d0pravação que se agitava n9 meu ventre. O filho do outro. Deus, porém, não se satisfizêra ainda, exigia maior castigo. E foi as· sim que fez com que todo o meu amôr pelo m~u ,amante desapparecesse. · · Maria (emocionada) · Minha pobre filha! Purêza (num crescendo de ner– vosismo) Sabes lá, mamãe, o que é para uma adu)t{lra faltar-lhe o seu proprio amôr maldito, criar, aC> cumplice na infamia, odio, desprêzo e asco.?! , :. · Ao notai-o, o cynico deu de hombro e foi -se. Saciára-se ... E eu fiquei sosinha no meu deses-
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