Femea
PAGINA 18i FEM EA Sou um Christo humano crucificado 'em atroz dubiedade, entre as sublimidades do céo e as mi· serias da terra. Lindo ! 20 DE~ DEZEMBRO O enxoval de Anahyde está prompto ha cinco · dias, e, ha. cinco dias, ella ·exige o meu fl'im para marcar o consorcio para a vespera de natal. Por vinte vêzes tentei romper esse compromis~ so que me queima como nm cauterio, e, por vinte vêzes, calei, acovardado. Protelo, protelo lançando mã,o de pretêxtos e evasivas disparatados. Hoje, porém, ella foi peremptoria: · -Telephonarei, amanhã, para a tua casa, ás 4 da tarue. Ou dizes ·sirn ou papae te executa . Quiz escarrar-lhe na cara e só soube beij ar, lhe os dêdos. Ah ! bezêrro de ou,ro ! ... be-zêrro de ouro! ... 21, A' TARDE A alma dns mulheres é urna ál'ea devoluta onde se pode erigir um prostibulo ou um templo. E o architecto é seu prop1·io pudôr. Na de Ghislaine, ha uma cathedral de marmo– res brancos, clara, luminosa, toda cheia de gra– ça, tendo a singelêza das cousas santas, ante- a qual a minha se ajoelhou, expo1ido o s0u recon– dito maisocculto, o seu passado immundo e o seu preseBte mesquinho premido pela contigencia de resolver a magna dualidade, os seus aleijões e as suas lutas, fazendo-lhe correr sob os pés um 'rio de lama e fezes. E acabei chot'ando, chora ndo con– vulsivamente. Ella acarinhou-me os cabellos c9m suavidade , enxugou-me o pranto e sussurrou-me :
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