Femea

PAGINA 100 ANTONIO TAVERNARD ensina nnrr. externato para ajudar a mãe que oos· tura para fóra. Deus ou demonio, como quer que te chames, entidade que postilhoneias o destino, que quinta· essencia de crueldade te inspirou o capricho de collocares, ante mim, num dilemma decisivo, uma Ghislaine e uma Anahyde, sabendo corria sabes que, se uma representa o confôrto opulento a que estou demasiadam~nte acostumado para furtar-me á sua tentação, a outra significa a revelação de um . sentimentalismo .com que já não contava, mas de , que só a fugaz entreamostra da felicidade que só por elle posso alcançar bastou para que eu com· prehendesse qu·e, sem elle, a existencia se me torna impossível'? Anahyde, apenas, seria o futuro nababêsco, a subservíencia do mundo interesseiro, a consideração geral, a omnipotencia, o vertice, a apotheose; Ghis~ laine, sosinha, seria a minha «estrada de Damasco», a segurança do lar, o gôso de ter algúem, uma es– pôsa que compartilhe das nossas dôres e alegrias, essa reedição da mãe perdida qu·asi sempre na in– fancia, que suavisa os dias aridos da virilidade, o vergel florido, o oasis frêsco e verdejante para a minha angustia de caravaneiro no Sahára das vi– das sem affeições. · Sem o ouro daquella, serei um falhado; sem o amôr desta, um infeliz. A obsedação . do luxo e a religião do affecto. O brilho metalico da .moeda e a devoção de um culto. O cofre e .o altar. Ser ou não ser'? A tragica interrogaGão de Hanlet em pleno seculo XX. Porque não me anniquilo pendendo para Ana· hyde, ou não me redimo es.colhendo Ghislaine?

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