Femea
PAGINA 18 ANTONIO TAVERNArfD . . trophes de furôr e ge'midgs de magoa. O seu des- , espêro pôz-lhe no phrasear, abrincados, succeden– do-se como, num kaleidoscopio, os vidros multicô– res, o facho que scentêlha, o .látego que retalha, o vitriolo que queima, o arminho que suavisa, a ca– vatina qu_e arrebata e a queixa que commove..De· fendeu, palmo a palm0, linha a linha, ponto a pon– to, a sua felicidade. Mas perdeu-a, tinha que per– del-a, po.rque ella me amava. Porque ella me ama· va, ah! ... Hoje, tanto tempo passado sobre essa hora inolvidavel, tenho nôjo de relembrar o que de gôso hediondo encontrei, então, no martyrio cruen- ~. to uaquelle homem que, mais -que amigo, fôra o meu protectôr, o que me lançára no escól das le– tras inaccessivel aos meus recursos diminutos, es– tribando com seu ·prestigio a minha ascensão para a fama e para a fortuna; a alegria quasimoda que me fez arfar de orgulho ao reflectlr que, para que aquella mulher superiôr, differente das outras, humana apenas pela fórma corporea, unica, uma das eleitas que Deus, de quando em quando, man· da á terra para exemp!ifical' o que de differença existe entre a mulher e a fernea, resi::,tisse impla– cavel á dor tremenda que se contorcia a seus pés, preciso era ni.e tivesse um amôr illimitado, sem símile nos annaes passionaes da humanidade. Sim, sorri, sorri muito, gargalhei quasi , de ufanía nero– neana. E, quando, esmagado, a cabeça pendida para o peit,0, estatua movei do anniquilamento, elle sahiu, tomei-a nos braços, e, por entre balbucíos de agradecimento, beijei sobre seus labios o sorri– so mordaz com que saudára o descalábro final do w~u amigo irm~o.
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