Femea

Í'AGINA 179 FEl\I EA Que fôrça ' occulta, que poder ignoto, à berran– do tudo quanto tenho feito em minha vida de adul· to, calcando o broquei de sophism:as e depravações com que encouracei a minha personalidade, rom– pendo o dique que represava os surtos de um eu até então ignorado. constrangeu-me a mim o D. Juan inEa Ili vel, o domadôr de corações, doublé de lord Hsnry e Dorian Gray, o clogm.atico da conquista, a mim que, mesmo qm1ndo ellas, em ineus braços victoriosos, esqueciam pae~, maridos, filhos, tudo, não se me estrenwceu, esfrolad a- pela rnenor commoção, uma unica fibra, a pronunciar _ aquellas seis lêtras ? Não sei o que viu em meus_olhos, o que sen– tiu na minha vóz .. Só sei que ,me extendeu a mão nevada e lyrial. Se o arnôr é demenci~, enlouqueci nesse minuto porque, desde então, eu a amo com esse amôr que cria não existir, arnôr compôs to ela mistura do que se eleclics ás nossas mães, do pelas santas ante cujos nichos oramos em creança, e do pelas magas princêzas com que PerrÀult nos povôa a imagina· ção pueril, amôr que julguei extremo, mas que accresceu muito mais quando ella, uma quinzena após, já eu frequen tan elo a· sua casa arrabaldina, me confessou, ruborisada, que, tambem, me queria. E' orphã de p ae-um francêz que immigrára para o Brasil com o sen officio ele tintureiro e a miragem de enriquecer no El-dorado, e que, aqui, constituindo familia com unra costureira pai.lti.ense, deixou os anhelos de fausto esvahirem-se um a um, substituii1do-os pela tranquillidade de um ,singélo honie, delle roubado por impiedosa grippe pneu– rnonica. Chama-se Ghisfaine, tem dezoito annos, e

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