Femea
PAGíNA 178 ANT.ONIO TAVERNARD be'llos loui·os, que, se escapando por sob a borda do chapéo, volitavam na testa da moça · da ves– pera. A' tarde, rnettido num jaquetão de córte im– peccavel, um cravo do Japão florindo uma inso– lencia rubra na botoeira, esperei-a no local do en– contro anteriôr. tão tardou a chegar os sapatos batendo, de leve, no lagôdo, um passo musi::-alado. Cumprimentei-a e, já junto della, adoptando a tactica da proposta brutal e sem rodeios . offercei– lhe o .automovel para levai-a em casa. Olhou-me, teve um sorriso triste e respondeu : -O senhôr enganou-se. Não sou das que me– recem o ultrage de offerecimentos como (~sse. Nunca nemhuma mulher me falára assim. O mimetismo da defensiva estrategia feminina, co– nheço-ô em todas as suas metamorphoses, desde a revolt'a irada que esbofeteia até a lagrima humilde que provoca a commiseração. Mas com o tom de magoaindescriptivel em que vieram envôltas aquel– las palavras, nas qnaes como que se podia palpar a dôr da offensa e a meiga revelação de urna can– dura que a aza nêgra de vergonhosa idéa roça– gou, não, nunca-:--juro-o !-nemhuma mulher me falára. · Immediato arrependímento nasceu-me no inti– mo, subiu-me pela garganta, e, angustiado, esca– pou-se-me da bocca numa palavra em que, pela primeira vêz, puz um pedaço de minha alma, em cuja. prolação ia tudo que de nobre e puro se con– servára dentro de mim, som de um pensamento que teve o impulso da loucura e o apoio da razão vibrejante: -Perdão!
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