Femea
PAGINA 174 ·ANTONIO TAVERNAHD ra, afora do JJfercêdes e do bungalow, a hypotheca do meu nome sobre algumas promissorias que se vencem daqui um mêz. Tem o caracter de quem enriqueceu tr::ificando e não almêja empobrecer pet·doando dividas. Oonvida-rne, g1~ntilmente, para uma sauterie, mas metter-mc-á, implacovelmente, na cadeia se eu não solver o meu debito. Fui. No vestíbulo, atirei a cartola e o sobretu– do para a servilidade de libré de um lacaio, e, mo– nóculo encaixado no olho esquêrdo, entrei nos sa· Iões do onzenario, salões de um luxo excess_ivo e inesthetico onde os tresentos de Gedeão, por entre farfalhas de sêda e estrupidos de fazzs, riam, dan· çavam, beberica vaq1 charnpagne, flirta vam, retroca · vam ditos reditos, tornavam-se, sem presentir, communistas na reciproca maledicencia, tramavam adulterios, ensce1,avam, em summa, a contumaz comedia da alta-sociedade reunida na qual só ha uma verdade: -a mentira das apparencias. · Levei ao amphytrião e futuro carrasco da mi· nha liberdade, illuminadas pelo mais cortezão dos sorrisos, <cas minha sinceras felicitações pelo aus– piciôso evento )>. Elle, afundado em larga poltrona de vime, (lercado de figurões congressistas entre os quaes, dous longe estavam de ostentar, nas cal– vas luzidias, o mínimo vestigio c'ie incipientes ador– nos taurinos malgrado as vêzes innumeras que as suas generosas carametades, rebolaram no divan turco do meu quarto, escutava os segredinhos que uma morena bonita lhe sussurrava á orelha cabei luda e granulosa. Apertou-me as mãoe num ~halce- ' hands vigorôso de negreiro que experimenta os biceps do escravo a comprar, agradeceu-me os cumprimentos, e apresentou-me á morena:
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