Femea

PAGINA 171 FEMEA em descrevendo .os horrôres da v.ida do inferno. Sel-o-ia muito mais, chisparia mais igneas scentê– lhas e scintillas coruscantes, se narrasse as mons· truosidades do inferno da vida. Sem ser um iconoclasta, zombo dos epinicia– dôres do bello. A bellê_za não pode ser ponto cen · trifuga de adoração porque é ephemera, porque o tempo a carcome, a velhice a deforma, a doença a bróca. A verdade -juram os pensadôres -se existe, está no nada, méta de todos os destinos. Ora, o nada é a morte; á morte, chega se, ou pela molestia accidental que, quasi sempre, detúrpa o bello, ou pela senilirlade an tony'ma da perfeição. Logo, im · perando na doença e na decrepitude-corredôres por onde se alcança a verdade -a fealdade é muito mais verdadeira que a bellêza. Por terem sido mulheres minha mãe que me ungiu a meninice, e a croia que primeiro rpe furtou a bôlsa, mas que tinha um filho cuja fo1ne saciou com o SP.U crime, penso que as qualidades bôas e más de cada uma possue -as cada qual, e que não devem ser julgadas pelo prisma de um acto isolado, e, sim, pelo conjuncto de todoB, o que trará a plena confirmação de um pensamento meu escripto, ha muito, no album de rnorbida loura em quem dei muitos beijos porque o rouge dos S8US labios sa– bia a absyntho: «toda mulbei· tem um anj6 e um sapo dentro de si. Bem leval-as-á quem na occa· sião propicia, souber e puder apresentar um char– co ao batrachio, e um paraizo ao cherubim.» Es· crevi-o, zarathrustico. Porém, eu proprio jamais soube fazei -o com prec.isão. Noivei com uma pros– tituta a quem· nunca osculei siquer, e tentei vio– lentar uma noviça mystica. Ambas me fugiram,

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