Femea

·PAGINA 149 FEMF;A cias, as fôlhas das illusões despegam.se e caem, uma ·a uma. E os desena:anos-varredôres tetricos e incansa,Teis-vão nas 'levando, implacavelmente. E as fôlhas tombam, sempre .. . E os varredôres não repousam, nunca ... Um guarda nocturno passou por elle, v::iga– rôso, tranteando uma cantilena monotona. O des– graçado invejou-o. Gastava as noites em claro, vigilando a segurant.;a dos outros. expôsto ás in– temperies, mei;;quinho, m;se1·avel. :\las, ao amanhe· cer, recolhia-se á tranquillidade do seu lat· humilde, · pago de todas a.s canseiras pblos cuidados da es– pôsa, pelos afagos dos filhos ... Um. lar... uma espôsa... fi lhos... Fôra o seu sonho, o seu grande sonho de felicidade. Tão. faci l e bom! Outros almeja v::im glorias, riquêzas, tri– umphos. El!e, não . A.quillo bastava lhe e satisfa– zi f;\·ó. Porque aquillo era a gloria, a riquêza e o triümpho verdadeiros de urna ventura simples. Portanto. o .castelJo dus seus ideaes, não o elevára em demasia, agigantando·o com ambições vertigi– nosas. Então, porque D"eus, entre tantos outros sobêt·bos e pomposos , torres de Babel de -anhelos desmedidos, escolh~1·a, para, demolir, o seu m.o~ desto e recatado? Deus não via que isto represen· tava tudo para elle? Não, não via, senão, não faria assim. Ha certos obreiros de esperanças que sobre as ruinas,de mn projecto desfeito, reergu13rn muitos mais. Outros existem que, talvez. por em- ,pregarern , como mat.erial., toda a sua .emoção, ao verem-no ruir, succumbem com com o obra falha da, incapazes de recomê~o. Carlos pertencia il esta ultima especie. Sen~ia, claramente, que, dahi por diante, não podel'ia amar nem so.nhar. A decepção

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