Femea

. PAGIN~ 140 AN'l'ONJO TAVE HNA:RD ·de uma mulher. De uma mulher que, p:issados instantes, fitava-o entre assustada e perplexa. Mulher ou encarnação da primavera'? Mulher ou pucella de sonho, incorporea · e fugaz '? Mu– lher, mulher, sim, pois derramava, sobre o des– lumbrado, os effluvios de um olhar de confian– ça, e a uncção de palavras amigas : «O senhôr é que é o primo poéta da Suzanna , sempre entocado nos érmos, amando a solidão como velho anacho– rêta '?» Sim, era elle, Gustavo, segundo annista de medicina, e encorrigivel sonhadôr, a convalescer, então, na fazendá do tio.. Sim, era elle mesmo. E ... .. .. duas semanas após, durante as quaes a primeira camaradagem folgazã, que os arrastou, juntos, inseparaYeis, em caçadas aos colibris ali– geros e ás orchideas raras, se tr-ansformou, pouco · a pouco, com essa naturalidade exponfanea da flôr mimosa que se transfunde no fructo saborôso, num sentimento mais profundo e mais complexo, elle, por uma dessas noites, que, de tão illuminadas, obrigam-nos a pensar não ser a lua o astro noctam · bulo e, sim, o sol- o sol que, saudôso da terra, não querendo abandonai-a, se disfarçou, trocando seu peplo de puro por um talar de prata, e ficoµ a con· te·mplat-a·, empevecido-prendeu·lhe as mãozinhas delicadas e falou- lhe.de amor, desse amôr primeiro, e:x.pontaneo, sincero, que não sabe mentir, que é ptiro como uma prece, desse amôr que , de tão ver– dadeiro, parece perfumar as palavras, o olhar e o gesto que o traduzem, e se torna quasi concreto, affirmando-se, convencendo. E, quando emmude- - deceu, estonteado do seu arrôjo, sem mesmo lem– brar.,ie do que dissera, daquelle evangelho de ter·

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