Femea
PAGINA 138 . ANTONIO Tw1m:-sARD A doente gemeu, virando, inquieta, na fôfa travesseira, a cabêça engrinaldada de madeixas castanhas. O homem não ouviu o gemido. Absôrto, olhando sem ver, soltára o pensamento para o .campo-:santo do passado-esse cemiterio qt1e to· dos possuem, semeado de sepulchros e cyrprestes sob os quaes, alguns envôltos na plumbea morta– lha do esquecimento, j'azem os cadaveres dos dias idos, das illusões qesfeitas, das esperanças deli– das, e onde, entre lilazes e perpetuas, eternamen· te a badalar finados, ergue sufü, tôrres melanco· licas o branco ·eremiterio da saudade. . Deixára-o ir á sôlta, seguindo-o, dolorido, . nessa romagem funebre de evocações. Assistira-o parar ante um mausoléo de marmore rosadô cin– gido ainda de fa~ados chorões e rosas pallidas, e, deste,. tirar, um a ·um, com a lentidão d'um 'sacer– dote a lidar com reliquias, todos os episodios de uma quadra da sua primeira mócidade, a: quadra mais querida da sua existencia porque. nella, sor– rira os seus sorriso_s mais felizes e chorára as suas lagrimas mais amargas. ·Cerrou os olhos do côrpo, e, para ver melhor accendeu, dentro em si, no imo da lembrança, as pupillas da almar. :!!::) ante elle, no aposento; impal· pavel, ethereo, começou, o desfile das reminiscen · ~ias. . Uma ·maiihã de Abril clara e luminsoa como o sorriso dos archanjos. Pelo céo, franjadas de ourot nuvens pequeüinas, côr de arminho, pare– ciam ser os farr~pos setineos do níveo manto a·e afguma-santa, que os chemhins travêssosº.houves– sem ras~ado, e que, ·reunidos pol' qualquer briza
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