Femea

ANTONIO TAVERNARD · de, e1n meu quarto, co1úo se conversassti com unrn irmã mais velha, displicentemente, mostrou-me a photographia da moça com quem casar-se-ia, den– tro de · um mez, por amô1·. Creio que soltei um · «Está bem!», trauteei uma copia, fui ao espêlho, carreguei rouge nos labios, ensopei-me de essen– cias e pedi que se retira,_ss_e pois esta rn espernndo um freguêz. Sahiu . E, logo empós, chegava o fre– guêz annunciado autom::iti<~amen~e, todo de negro, iunliru., em garn1, bôcea cte brasa -o cles_espêro. En laçou me, rnsgou-me as fibrns do côrpo e da alma, cuspilhou aitrato no · meu cerebro, derrubou-me numa syncope. Dias depois, nos cor1·edôres do alcouce, re– ..con heci, nas feições de urna mocinha que cami– nhava parn a perdição entre os' salamaleques mesureiros da eaftina e o sorriso lamêcho do· 'fau– no rico que a en ton tecêra com promessas mican tes e labias melifluas, as da noiva do meu amado. Num srgundo, desern-polharam-se em méu cerebro mil pe.i,samentos férvidos, dos quaes dous se so– bresabiram, distinctos, vultuosos: «Se eu correr ao telephone e chamai-o, é o flagrante, o rompi· me11to, o retôrno delle aos meus bra~·os.» e «Se o fizer, é mais uma decàhida, é mais um lindo cas– t~llo de illusões, que se esbarronda, talvez seja a eles.graça, o suicídio deite,> . Um segundo, apenas, e, dentrn delle, a suprema decisão da minha vida. Precipitei-me, tomei a ludibriada por um- .braço, estrnçoei com promessas de escanrlalo as reclama– ções da prnxe11êta e do capro, conduzi-a até a por· · ta da 1·ua, enxuguei as lagrimas que rorejavam os seus olhos confusos, e fil-a sahir. Estava salva a felicidade do querido. Estava salva, sim, mas, á

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