Femea
PAGINA 118 ANTONIO TAVERNARD somnol~ncia, adormentando as pupillas, cerrou lhe as palpebras. Então, o que com elle se passou foi §xtra-humano, phantastico mesmo em pezadêllo .. Uma gigantêsca mão desceu do tecto, tornou-o · pelo meio do côrpo, arrebatou-o noité a fóra, atra– vez do espaço, numa' vertiginosidade de· quem quer percorrer num segunrl o o infinito até sen · tal-o 11um throno de basalto, sobre immensa pla– nicie cercada cié altissimas cordilheiras de pedra nêgra. De u,n lado do valle , cavava-se h_iante abysmo em cujo fundo fervilhavam cJrnnima·s co– lossaes e tenemotos latentes, do out1:o, uma escada immaculada, como se os degráos fossem feitos de néve, perdia o tôpo nas nuvens setínosas. Do pélago, subiam gemidos, lamentos, queixumes, estertôres, rangêr de dentes, maldições e blasphemias -todo um côro cotnpôsto das vózes dos qu·e soffrem, dos que são martyrisados pelas penas infenrnes. Da escaleira alvinitente, escoava-se uma ,harmonia de hy11111os e ha-rpas -tangidas pol' mãos mara vi– lhosas. Por aquelle, aguilhoada pol' de!llonios horren.dos e crueis, armados de tridentes e chico. _,tes, despenhava -se rugidôra multidão conspurcada pelos peccados commettiaos; por esta, ascendiam pulchras theorias de bemaventurarlos guiados por lourns archanjos, coroados de my1~J10s e de l'Ó· sas, calcando fôfo tapête de arminho, soniientes, felizes. Aos ouvidos de Jango, uma vóz granclicsa, de entonações diversas, g1·ü vo. ironica, severa, rude e meliflua, tonitroando el e u111 peito. olympico, re boou: -Mortal, átomo . perdido nos vortilhões do
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