Femea

PAGINA 12 ANTONIO TAVERNARD na solidão sinistra das thebaidas; a imagem da sua padroeira; como a sucupira ama a semente do apuhyseiro que, medrando num sulco da sua ga· lharia, ao crescer, ao fortificar-se, engrinald-a·lhe os ramos com a sua florescen cia exotica , enquanto, minaz, em silencio, varando-lhe a cortiça, attinge o cerne, deste vampirisando a seiva numa exsuc– ção que lhe produz nas céllulas arrepios de vô– lupia infinita e a morte, porfim; como o Negro ama o Amazonas, rend'endo-lho vassalagem mas,por entre embates barbaros, lutando, querendo sub· jugal-o, para melhor auferir a lascívia de . ser empolgado, vencido, escravisado pelo senhor,. pelo dono, pelo mais forte. E amo-a, tambem, por ambição de arte. Sou· pintôr laureado. Elia será minha Fornarina, a minha Gioconda. Com ella, como modelo e inspiração, meu pincel realizará impossíveis, da minha palhêta jorrarão milagres. Por ella, m€ virá a gloria como a almêjo, como a quero, como ha de ser minha :-sem exemplo, sem par; ·.mica, no decorTel' dos seculos. vertiginosa, deslumbrante como o sol. E quando os applausos das turbas, os allalás do mundo inteiro, a reve– rencia dos mestres me sagrar o maior dos ho· roens, um semi-deus, o portador da scentelha om– ni'sciente, quando fôr tudo pelo meu amor, eu, ante o qual a humanidade genuflexa-se, eu, para quem a immortalidade reservou o mais eterno dos seus nichos, eu, cuja effigie o bronze, o mar– more, o ouro, o porphyro perpetuar:1 para o as– sombro dos pósteros, eu, mais alto do que o glá· diodos heróes, o sceptro dos imperadôres e a tyara dos papas, pelo meu amor ainda, . beijar-lhe-ei os . pés, erguel-a-ei acima da minha fronte omnipo- t

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