Femea
AS TRES IIOtAS DE AGONIA DA F:E:LICTA Ao Ruy AncJrade No silencio môrno e tran quillo da delegacia, o yelho relogio pôz tres pannad as st:.rdas e va– garosas. Benzi-me e, mentalmente, rezei, porque sou dos poucos que acreditam de coração que, nessa hora, ha n1.uitos seculos, alguem morria, crucificado, pela humanidade .. O meu escrivão-um sceptico de meia·tigella que lê Voltaire em edições baratas, interpretando-o por uma forma extremadamente imbecil-teve um sorriso-11avalha. Fechei a cara. O homunculo es_condeu o sorriso deritro da bôcca enorme e gr.otêsca, recobrindo-o, cauto, com as beiçôrras fartas e largas. ·Um homem entrou na sala. Olhei-o. Era um mulato. forte, syrnpathico, o thorax desenhando musculos soh a just.êza do dolman •de azulão, a ca~ belleira recurvada em ondas continuas, crêspa, . nêgra, luzidia de óleo. · -Que quer?, -Venho me entr(;lgá, seu prefeito. Matei um hon1em ao.meio-diíl . . l\1irei 7 o. espantado. O homem continuava. cal· mo, impassivel, encostado ao gradil que separa a J))inha carteira de delegado do espaço reservado ap .publico. Seguidas, num j acto, confundindo-se quasi na precipitação, as perguntas borbulharam, e. ~spo:qçararn nos meus labios : .
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