A Estrela do Norte 1864

:1:§'J'RE~LA D O NOR'.l'E . perdoar os peccatlos, de banir da consci– encia o remorso, de r cstituil' á alma o que ha de mais doce no mundo a paz e a es– perança. Oh! mas como essa gente é céga l Como vive enganada ! Edesgraçadamen– te são muitos os que assim pensam. Em r elação ao corpo nada poupam. 'ão só não r eceiam assustar os doentes com as r epet id as visita.s do medi co e fa– zendo-lhes junctas ainda mesmo que cllcs saibam muito bem que tudo isto signifi– ca que es tão em perigo, mas ainda lhes fazem tomar r cmedios e mais remedios ; teimam com elles a ponto de os enfada– rem e finalmente 1'azerem-n'os passar pelas maiores torturas. Aestes, se lhe disserdes que tenham touo o cuidado em não os assustar, que evi– tem tudo quanto possa inquietar-lhes o espírito ou pôl-os cm desconfiança, que esperem para quando es tejam cm perig-o, elles vôs responderão que é necessario primeiro que Ludo salval-osainda mesmo com o r isco de lhes metter mêdo ou fa- zer algum mal passageiro. · E com e:ffeito teem r azão. Mas para a pobre alma é um negocio mais sério. Não pou cas vezes e tá ella mais doente do que o corpo, e tem aban– .doúado desde mui tos annos seus dcrnres para com Deos e esquecido a sua eLern i– tladc .. . . OPadre é o medico encarregado por Jesus Christo de a curar e sal var. E todavia ha quem tenha mêdo de o deixar approximar do doente 1 ! Chamam-n'o o mais tarde que pódem ! ! 1 Fallar a um doente, dizem clles, de con– fis são e de Extr ema-Unção póde produzir– lhe no animo uma impressão dcsagrada– vel e até mesmo apressar-lhe a morte ! E querem então chamar um Padre quando o de-ente tenha já perdido os sentidos ! Erro fatal l De que serve chamar o me– di co quando o doente está agonisante ? Para que ser ve chamar o confessor quan– do o doente se não póde já confessar, quan– do não tem conhecimento para receber os 5acramentos? ! t melhor não o chamar cdizcr franca– menLc que querem deixar morrer o doen– te como morre um cão . . . 0 ão ha palavras bastante energicas par a estigmatisar um similhan tc prnce– der , para condemnar um tãofunestopre– juizo que tem per dido, está perdendo · e ha de perder ainda infelizmen te tantas almas. . . d Por mais que a cxpcn encrn de to os os dias mostre como ficam consola_dos os do– C!3- Les depois de h aver.e~ r ecebido os _ul– tnnos soccorros ela Rellg1ao ; como cho1am de alegl'in. depois ele preparados para a tremenda Yiagem, nada os dcmoYc de seu proposito l E veem-se familias inteiras que se dir. m Christãs mos trar a maior rc– pugnancia cm que o Padre venha sal vnr a alma de um pai, de uma mãi, de um filho e de um amigo que está para com– parecer na presença de Deos ! E depois, CJUando já é tarde, quando o Padr e dirige algumas palavras de censura aos que assim deixam morrer o doen te, respondem ellc : " Oh! elle era tão bom 1 era tão honrado ! Era uma mulher tão vir tuosa, amava tanto a seus filhos, a seu r.iarido ! Não ha que receiar . . . . . » E muiLas yezes o infelir. que deixou este mundo havia de1., vin te anuos que se ti– nha esquecido ele Jesus Christo e despre– sado os mais essenciaes deveres da vida Chr istã ! Ficai por ém sabendo, m us caro lei– tores, e repeli-o por Loda a parte sem a menor hesilação -os pobres doentes não teem mêdo do Padre ! não, a sua visita não os mata; pelo contrario salrn-os, sal– Ya-lhes a alma se tem de morrer, e se a doença não é mortal, consola-os e forti– fi ca-os mais do que tudo . A exper iencia prova-o todos os dias o nós poderiamas citar mil exemplos, mes– mo el e casa, mas permittnm os nossos lei– tores que lhe contemos um facto que nôs acudiu a memoria succedido no caminho de ferro de Paris a Versailles cm 1842. 1'oi um desastre horroroso que teve lugar cm consequencia de se haver quebrado o eixo de uma locomitiva. Todas as carrua– gens do comboyo fi caram feitas cm ped.a– ~os, uma sobre outras 1 e alguns minutos depois do terrivel simstro era um mon– tão de pecla~os de carruagens e de cada– veres cober tos do agua a ferver que cahia d.a machina e do carvõec: em brasa que cm pou co tempo comsumiram tudo . Só nas primeiras cauuagens escaparam al– gumas pessoas. Com grande custo tira– ram alguns infelizes do meio daquella vasLa fogueira. Cinco ou seis Padres pro– fessores e dircctorcs do Seminario do Issy, siluado nas ])roximiclades elo caminho ele ferro, passaram a noite a soccorrcr as vi– ctimas. Um dcllcs con tou que quando se preparava 1mra voltar ao Scminario fôra chamado para ir a nma casa perto dali , onde haYi am recolhido um jovcn estu– dante da escóla poly technica tão queima– do que era impos ivel escapar á morte. o Padre que fôra profcs or da cscóla poly technica, correu immodiatamentc tt es ta casa. Disso aos criados que queria fallar ao dono dclla. Appareceu depois uma.senhora a quem o Padre dirigiu as sequmtos palavra : « Dis eram-me, Se-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0