A Estrela do Norte 1864
I ' I· A. ES'J.'IU{LJ,A DO NORTE, 8 5 executado o Amcn fi nal , que nôs faz ou– Yir com o uma hem grata remi niscencia o motivo da introduci:;ão elo 1 ° numero, é de um cflei to grandioso. · Em vista do que acabamos de dizer n es ta rapida analyse, é clar o e fóra de toda du vida que o Stabn t ele Rossini é uma obra ele primeira importancia. Uma ou tra questão é se esta composi– ção pódc r edamar o epith eto de uma ver <laclcira mu sica sacra? Apezar da alta e cer tamente bem merecida r epu tação arti stica ele nossini , apezar da grande a dmiração que tribu tamos ás proclucções deste genio immortal, r espondemos á cstn. pergun ta pqr uma n ega tiva abso– lu ta. ma Yerclaclcira musica sacra el eve ser o rcll exo da religião, de cuj o culto ella 6 uma parte in tegrante. A Yercladc, a moder ação, a severa hellcza na fórma, a abnegação, devem ser os seus ignaes wractcr isticos. Laudate Dominwn omnes gentes ! Este pen amonto gr andioso (Psal– rno 11 6) e nenh um outro deYc dir igir e inspirar o can tor e o compositor quando clles trabalham para a Jgreja. Compôr e executar musica sacra, n ão 6 uma profi ssão, mas sim uma missão. O h omem qu e compõe ou que can ta mu– sica sacra, com o fim evidente ele agra– dar, ele produzir um prazer sensual, e fazer ad mirar a sua habilidade ao audi– toria, pódc sm· um grande genio, um cxlraoaclinario artista, um h omem vir– tuoso, mas ele certo clle não conhece a natureza inti ma ela musica sacra. Se não póde deixar na porta da igreja a mi– dade deste mu ndo , melhor será n ão en– trar no templo do que pr ofanal-o, cm– }Jora que inYolu nlariamentc. Agora o Stabat do llossini. i'l'Tas, caros leitores, lêam u m pouco a partitura ele - r,~ ohrad· ou çam , nssisLam á sua oxecu– \,'UO ; e cpoi . . . . Uepois ? 'ão pos o JH' rnr as in11H'cssõcs qu e receberão do estu do da parli Lura ou ela audi ção elo Staúa t de nos~in i ; por ém llOsso confes– sar as mi nhas. T t.las as Yczes que cu percorro a ml– nh a parti lma des te Stabat, todas as ve– zes q11c assis ti á sua execução ( não sei roma aconteceu) , parecia-me reconhecer na lotalidaclc do Stabat ele Rossini a fi– g-nra i_mmorlal do Fig(IJ"O, elo Barbiere ili Srn.· 1 :1tw, rn ascaraclo cm monge, queren do se fa?,cr aus tero, e qurrendo fazer pcni– lc~cia e - hem entendido- mal masca– r nuo ! l las01 i a 1Jf ttini I,rinr('ttr e forl,ici A t mio rnmmnnrlo T1 1 //u l'J ll i . /ri. E de facto, tem lá de tudo. Um pouco ( hem pouco) de fé, bas tante epicurismo, talento musical immcnso, habilidade summa em produzir cffeitos thcatraes, um desmedido desejo do agradar sensu– almen te o auditoria , e fazer celebrar tri– umphos á garganta ; eis ac1ui os ingre– dientes que constituem essa pretendida musica sacra. Não sabemos se este Stabat se harmoni– sa com as tendencias elo seculo actual; mas· o que é certo é que a ver dadeira musica sacra, como a Religião que clla ser ve não depende dos preconceitos ,ul– garcs'clc um seculo. i\las então ? Porque recommcndar este Stabcit? Porque como já dissemos, tratando do texto do Stabat, es ta poesia tem um caracter duplo. É um can tico adaptado pela r 0 reja e como tal exige uma musica vercladeiramcn te sacra; mas, independente deste caracter, póde ser considerado como uma simples ele– gia, e como tal era, e é ainda hoje suscc– p tivel ele qualquer mu.sica, conf~rme ás leis de estheticagcral. E neste sentido que Rossini comprchendeu es te hymno ; é neste sentido que ellc fez uma musica grandiosa e arrebatadora , que embora lhe neguemos o cpitheto de sacra, ,i á fez callar em muitas capi taes do mundo ci– vilisaclo, essas mesquinhas e mi scraveis modinhas, com que a profi ssão musical accommettia e enganava o publico nos Templos sagrados. / Finalmente, quem não gostar dos mo– dos auster os da musica sacra, talvez pelas melodias suaves, pelas ricas harmonias, pelo cnthusiasmo que proYocará nel)c a execu ção do Stabat, se deixar á sedu zir a rellectir um pou co sobre os pcnsamm:it9s piedosos do tex to, e então a compo~1ç-ao · do nosso illustre mae tro, terá realisado as hcllas palavras do Tasso na Giem ci– lemma liberatci : (Can to L 111.) Cosi all'egro fanciul porgiamo aspcrsi '.Oi soaxe licor gli orle dei va o : Succbi amari inganato intanto ci beve, E deli inganno sn11 vitn riceve. o ADOLPI-10 JOSB K.AULFOSS. A. E xtreuan.-Unção fa:,i 11101•1•er o s 1loe11tes ! ? • , , • Muita gen te ha que tem a si1 11 plic!_d ade . mais peu gosa de acr editar que a cousa • , p, _ " l t é deixar chegai um . a par,t um e oe:n e como ·se o Padre não fõra drc ao s~u leito, 10111 Deo encar- um CllYlcld O do no so J ' r egado de consolar os que soffrem, elo
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