A Estrela do Norte 1864
À. ESTREid:..A. DO NORTE. ,. ,. unido cm consorcio o abenço·ado muitas Ahi houve ntna scena difficil de des- vezes. crever-se. Passou-se a noite sem trazer esperanças Meio mortos de frio e de fome, duzen- ás infelizes familias dos pescadores, e, bem tos pobres pescadores disputavam aos ele– que o vento tivesse muito diminuído, o mcntos um resto de vida. Uns assenta– mar agastado por trez dias de tempes tade, dos cm cima da neve olhavam estupida– lançava-se ameaçador sobre as margens. mente o mar vir expirar na praia; outros, Ao romper do dia, dous homens que conservando-se estreitamente abraçados, tinham passado a noite a entreter uma lançavam magoados soluços e chamavam fogueira sobre um rochedo para indicar, a morte a altos brados, alguns emfim que se possível fosse; o porto aos naufJagos, de solfrimento e desespel'o haviam enlou– se approximaram do Cura. quecido, estavam de joelhos nos cavados Quando os dous homens entraram no rochedos, pensando que os queriam ma– grupo que rodeava o Pastor um senti- tar e não respondiam a seus companhei– mento de desgosto pareceu apoderar-se da ros; todos se julgavam na ultima hor~. multidão que se afastou precipidamentc. Á vista do bom Cura, lançaram gr~!os - Senhor Cura, dizem clles, vimos fogo dealegria; arrastavam-se para elle, beJJa– na Ilha Moléne . . . . Todos os olhares se vam-lhe a sotana, dançavam de alegr!ª· voltaram para o logar indicado, que pa- o mais louco tripudio succedeu ao ma10r r ecia um ponto no hori sonte e viu-se uma desespero, e esses homens que se davam ligeira fumaça branca elevar-se cm spi- por perdidos e tremiam de ter~or, torn_a– ral no espaço e diminuir á medida que ram-se de novo calmos e coraJosos á vis– se afiastava de ter ra. ta do soccorro que lhes enviava o Céo. De- -Nossa gente, encalhada nos rochedos, poisdos primeiros momentos consagra– não ponde lançar as barcas ao mar com dos á alegria, pensou-se na volta. este tempo, e accenderaru aquelle fogo -Meus amigos, diz o cura, procure– para pedir soccorro, diz o cura; ponha- mos pôr ao mar as barcas que esti_verem mos n'agua esta barca de Corfd'hir, eva- em bom estado, e apressemo-nos a ir con– mos-lhes em auxilio. Quem vem comi- solar os que lá choram .. ... go? . . . . . Cem braços se puzeram logo ao trab_a- Ninguem r espondeu ao generoso appello lho·e uma das barcas encalhadas na areia, do Padre, o Corfd'hir que chorava seu fi- foi, por assim dizer, carl'egadci até as o~– lho Ivon, se calou . . . . das. Este trabalho que a pobre gente t~- - Como! exclamou o bom Pastor com nha crido impossível, tornou-se fac1 l voz trovejante do censura o indignação, quando dirigido por um homc~n de san– nenhum de vós me seguirá para ir ter com gue frio, e o que sós não podenam fazer seus irmãos em perigo? em uma semana, acabaram em duas ho- - Nós iremos, disseram os dous homens ras. . a quem todo o mundo fugia, nós iremos. Quatro ou cinco viagens consecu tivas Corfd'hir correu para a praia o disse ao treuxeram á Trebcurden os naufragos, e Cura que tambem o seguiria. depois deste dia, em que tinha dado ª - Cuidaes que o vosso velho marinhei- viela á duzentos Ghristãos, o digno Cura ro seja menos bravo que estes dous ga- soube, encerrando-se no presbyterio, fur– lós? tar- se aos applausos de seus Parocluanos O que não tinha podido fazer o amõr o corõar por uma rara modestia um dos paterno e o da humanidade, fel-o o orgu- mais bellos rasgos de dedicação de que lho. possa honrar-se a humanidade. (i) O batel foi á custo lançado sobre as on- _ das e quando nossos quatro heróes nelle , v · entraram, seus compatriotas já sem cs- I in oea~ão a Santissuna ,rg ein. peranpa os deram por inteiramente per– didos. Os galés manobravam com as vcl– las, em cruanto o Cura, excellente mari– nheiro, se apoderava do leme o dirigia o rumo para Molóno. o· Mãi Bem ita, que nos Céos impcr~s, Ouvindo os córos Divinaes dos AnJOS, Fulgente Estrella, neste mar da vida Turbido sempre! Os olhos volve para nós _pie,dosadas Que desvairados ele illusocs f°~~gusta Nem já sentimos da verdac e •' Fulgido raio 1 . O v_cnto que soprava oest-nordeste, lf!lPCdia pôr uma polegada de vela, e além dlsl<? o mar embarcava com tamanha vio– lo~cia que fôra impossível di rigir-se di– reito para o _termo ela derrota. Depois do nma travessia de algumas horas chegou- (ll yorM 3 wu·rnrn uE ~A tAANce, par lc se emfim á ilha tão sllspirada. ' Capita,i~~ 6 Jacobsen, in-4º Pa.m, ·1s4!l.
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