A Estrela do Norte 1864
&. UTKE.L.LA DO NOI \T.lt . Una ex--voto. ( Con cl usão. ) -Antonio, diz o velho com autoridade, ~quelle que <lá, póde tirar; nós devemos submeltcr-nos resignados á sua santa vontade. - Antonio, diz Genoveva com doçura, aquelle que deu póde conservar ... sup– pliquemos. - Su ~pl icai pois vós, que sabeis suppli– car, exclamou o joven; vós que amais e que credes. rogai todos por meu caro filho. - Meu filho , diz lambem a mãi de An– tonio, tu em outro tempo rezavas e o Céo te ouvi a : reza agora, Deos te escutará 1 - Porém cu já não sou o mesmo I estou mudatlo minha mãi 1••• a voz de um pec– cador, qua l eu sou, perde-se antes de che– gar ao throno de Deos para não profa– nai-o. -Caro Antonio , r plicou Genoveva, o gemido de um coração enternecido sem– pre é attendido : vem, Antonio, vem com– nosco prostar-te ante a cruz I E para lá procurava ella conduzil-o. Antonio estremeceu e seus cabellos se irri çaram. - \lu lher, diz elle com reverencia, sa– bes tu o que dize ? Sabes o que é a cruz? - E' o signal do perdão, responde Ge– noveva. - Sim, é o signal do perdão para os que perdoam. Porém eu vinguei-me I A cruz para mim é o signal de vingança. Eu a vejo . ... eu reconheço ainda essa cruz ameaçadora. . . . . um desgraçado está á seus pés, .i.braça-a, pede-lhe uma graça, pede-lhe a vida .... Porém é um inimi– go .. . um traidor! Mas que importa, se elle p ede a vida em nome da cruz 1••••• A cruz , j á derribada, náda em seu san- g ue . .. .. . Esse sangue fui eu quem o derramou; essa cruz fui eu quem que– brou. Os dous velhos lançaram um grito de horror. Gnnoveva pallida e com a voz em– baraça~lá na garganta, ajoelha-se. - Que fazes ? diz-lhe Antonio, para que r ezar? Não ttl declarei tudo 1 Para mim já não ha perdão! Genoveva volveu para elle s s bellos olhos, banhados em lagrimas, e apontou para o b:irço. - Meu filho, meu caro filho I exclamou o peccador ; o crime de teu pai cahiu so– bre tua innocente cabeça ; eu sou o teu algoz l .. . Genoveva augmentou suas supplícas. A viva fé, \que a animava, crescia cada vez mais em consequencia do seu amor de mãi; ella oppunha a innocencia do filho á justiça alçada contra s u pai; e, se bem que visse um nas garras do desespero e outro nas agonias da morte, não deixava de pedir por ambos áqurll e que cas tiga e que perdoa, que mata e que resuscita. A humilde supplica dá sem[lre novo vigor á esperança. Genoveva, pois, cheia de con– fiança, se '.ergueu. -Irei, diz ella aos tristes velhos, irei levar meu filho aos pés da Virgem; a Mãi de Deos rogará por elle. Maria terá com– paixão de Antonio .... Esse dia, quebre– ve vem despontar, será assignalado por suas graças 1 - Deos vos ouça, minha filha, disseram por uma só bocca os velhos afflctos. Seus olhos acompanharam a jovem até onde poderam; e quando não a viram mais, consolaram-se em rezar. Antonio, enfraquecido pelos seus vio– lentos transportes, estava mergulhado em profundo abatimento; nem mesmo elle vi u a partida de Genoyeva. Entretanto ella, com a caheça de seu fi– lho rhegada ao seio, aquecendo-o com seu h alito, atravessou rapidamente os cam– pos desertos. "Meu Deos, dizia ella, vosso poder faz sair do mal o bem 1 perdoai, Senhor , á um peccador .... dai a vida a meu innocente filho. E' muito tarde I con– tinuava ella; minha mão quasi não per– cebe as pulsações de seu coração . . .. elle se debate entre meus braços ... E' muito tarde I Não, não, diz ella no mesmo ins– tante; nunca é tarde para se invocar á Maria 1 » Corajosa e firme apressou os pas– sos para o sanctuario. Chegando á Igre– ja, asilo da paz e da esperança celeste, ahi encontrou um padre, o vigario deste san– to lugar , que naquelle momento acaba,·a de abrir as portas e fazia soar o Angeltis. Um olhar descobriu ao padre as dôres da joven: - Esperai, lhe diz elle, e tudo conse– guireis 1•••• Genoveva corre á lançançar-se aos pés da Virgem , e deposita no seio de Maria sua alma traspassada; Maria lançou sobre el– la um olhar de bondade, e logo seu filho ~ lhorou. ~ orno se elle acordára de um pesado som– no , levantou a cabeça e, sorrindo-se, mur– murou: mamã! papá 1 E G noveva deu um gri to de alegria . -Gloria a Deos I Luu vor se amor á Ma– ria I diz o padre. A mãi levantando c;en filho diante elo alta~, d!rigia para a sagractn im,:gPm um sorriso mnocente, que rebentava no ro. to do menino; depois entregando-se á ale– gria do seu coração, ella abraçava o filho
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0