A Estrela do Norte 1864
cessaria nella nao crer mais? Assim, cousa encantadora, deixastes de crer no chris– tianismo depois de ter crido nelle ; e daes denodaclarnen te vossa increclulidaele como garantia da vossa irnpn.rcialida,Je ! Cui– dais em \'ossas palavras, meu amigo? dar a apostasia religiosa como condição ela veracidacle historica? '3erá serio reservar para os desfraudadores a honra da since– ridade? A mesma cousa seria assegurar ao des– terrado por revoltoso o privilegio de bem fallar do seu rei ; - á mulher separada por crime, o de bem fallar de seu marido. No vosso systema o sacerdote fi el não tem direito de ser crido quando falla so– bre a religião por elle professada , porque está prevenido. - o padre apostata falla de sua religião abandonada; este ha de ser crido, porque é imparcial. _ E porque assi rn, por favor? . . . . . Se o adorador não póde deixar de estar preve– nido, por demais amoroso, o apostata com o muito odio poderá sempre deixar de ser encarniçado? Entre Lacordaire e Gavazzi, fallando sobre a Igrej a c.i.tholica admittis Gavazzi e recusais Lacordaire? Será bas– tante risível assim? . Mas eis o gu~ mais sensível ainda tem parecido. Já nilo negais, pelo que parece, a possibilidade do milabTe ; mas exigiu sua verificação, a vossa critica aventura– se em descrever-nos pelo miudo as con– dições de um milagre authentico. Cha– maes o thaumaturgo, isto é, o mesmo Deos, que venha tomar vossas ordens ; de– tcrminaes o lugar, a hora, as circmns tan– cias. Nomeaes uma commissão encarre– gada de examinar a operação ; e dizeis a Deos : - Vinde agora, vamos ver. Feito o milagre, v. gr. resuscitando um mor to, não estaes satisfeito : cumpre que Deos repita; requereis que segundo mila– gre venha provar o primeiro, que um·ter– ceiro venha provar o segundo, e assim por dainte até que por bem acheis dizer á Deos- « estou satisfeito. » Desta fórma, teríeis convidado Lazaro á morrer de no– vo, para de novo resuscitar? Terieis man– dad0 os Israelitas tornar a passar o ma; vermelho e regrMsar pa1 a o Egypto, para ver um pouco se, depois de ter separ<1d0 as aguas uma vez, Moysés era capaz de separal-as ainda? . . . ·Tudo aquillo tal– vez em Berlin ou em Tubingue seria ou– vido sem riso ; mas nosso velho genio gaulez, meu amigo, acha que essas bellas r~gras de critica não passam de umas face– cias graves. J\lell10r far~eis regressando, e de novo negando mm resolutamente a possibili- da<lc do milagre, do que adiantando-vos em um terreno onde escorrega-vos o pé, e gira-vos a cabeça com grande diverti– mento dos cspectauores. Pede-se-vos mórmente, não torneis á explicar o milagre de seis mil pessoas sus– ten tadas com cinco pães com um prodí– gio de frugalidade; - não nos falleis mais de Lazaro como de um morto vivo que resuscita por um acccsso de alegria ! • ..• vigiae sobre tudo em não mais fazerdes do Jesus que olfere.:eis aos nossos respei– tos o socio e cumplicc de charlatanarias apenas perdoaveis em um comico da feira, em um mystificador de parada. Ascien– cia tem alguns direitos em ser tratada seriamente, e explicações destas, seja-vos dito uma vez por todas, cobrem-na só de ridículo. Não é menos admlravel para nossos communs amigos nem menos divertido para nossos adversarias o processo mais que novo por vós introduzido na critica para o retoque dos grandes vultos histori– cos, por vós engenhosamente chamado a razão d'arte . A razão u'artc no drama, no romancP, nos caprichos litterarios, ás mil maravi– lhas! Cria-se, accommoda-se uma fi gu ra inventada, da-se-lhe um facto, uma cõr, uma fórma corresoondente ao ideal ima– ginado; ningr.m a·m s:i engana, sabendo todos que isto nii.o passa de uma creação vossa. Mas os proprios romanceiros reco– nhecem â historia outras cxigencias; ha vultos que os srculos impõe-nos com suas proporções, sua côr, sua physionornia fun– didas em bronze inalteravel que ninguem tem direito de mudar. ( Continúa. ) No Drasil lla profunda s crenças catho– llcas ; mas não ba opinião catholica pro– priamente dita. Acrença ca tholíca vem do espírito eminentemrnLe relígioso, que ca– racteri sa o povo brazíleiro; e o povo é por naturrza crente, e pouco ou quasi nada prescrutador dos fllnd nmentos da sua crença: Pl):rece que a crcn~a n'cllo é um dom, umaºgraça especial, que se baseia no sentimento intimo, e não nas demons– trações theologicas. D's.qui Ycm não ter– mos uma opinião catholica, isto é, uma crença firme nos dogmas, e _canones tla Igreja, o uma justa apreciaçao das suas relações com o estado. . Nos tempos de viva fé , como J_á os teve Portugal, corno j~ os teve o Braz11 a fé ca– tholica era sufllc1ente ; mas com os pro-
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