A Estrela do Norte 1864
r en tre si todos esses inconciliaveis? . . . . tão alto o tão baixo, tão sublime e tão vul– Prosigamos. gar, t ão heroico e tão burguez, tão grande os Evangelhos são au t.hcnticos; mas os e tão pequ eno tão colossal em su a obra discursos em s. João não são de S. João; e tão mesqu inho em sua pessoa? Confes– e não temos relações originaes, n em de so-o, por mais que procure a harmonia s. Marcos, n em de s. Matheu s. O que quer neste vnlto, não acho senão desaccordo. dizer que os Evangelhos authen ticos n ão De balde procu ro seguir cm vosso livro são authencicos. - Graças á nomes pro- aquellas linhas h armoniosas que o genio prios, os Evangelhos toma1·iam alto valor: deixa ordinariamente em suas obras; nel– com tudo um nome pro r rio no frontispi- le caminho de contradicção em con t.r a– cio de taes obras nao significa mtdla cousa. dicção ; e quando quereria admirar o bri- De veras, caro Ernesto, é cousa de não lhante perisLylo em que vossa imagina– se entender nada. Não poderíeis al~uma ção me faz andar, o ãs vezes me encanta, coma concordar comvosco mesmo? Se tão sinto-me a tirado comvosco em um labi– bella fazeis a missão do erro, qu al será no ryntho onde vossas idéas cruzam-~e e mundo o papel da verdade? Se tão utll é atrapalham-se, sem deixar sabida algu– o falso, de que serve lmscar a verdade ? ma. E pelo q ue diz respeito ao Evangelho, por- Do certo, brincar com essas contradic– que aquelle sim o aquello nao, que não po- ções, com a som cer emonia que vos cara– dem ser acceitos? Se os Evangelhos são ctcrisa, é um phenomeno já mui curioso; autbenticos, porqno dilaceral-os e dcce- mas o que é muito mais curioso ainda ó pal-os á capricho vosso? Se elles nfto o fo- ver-vos tirar dessas mesmas co ntradicções rnm, ou se como tal n ão vos constarem, tão marav ilhoso partido e tão preciosos porque nelles basear-vos, e nellc buscar- resultados. Fazeis reparar com uma es– des testemunhos que cada qual pode re- pecie de complaceneia, que Jesus, em cusar? .... Desemba raçai-vos disto. quanto , como moralista pre tend esse um Assim, pagi n a po r pagina, é a contra- estado permanen te, como rnillenario, dicção, sempre a contradicção. ias em acreditava n'um fim prox.i mo do mundo. parte alguma encontro-a mais flagrante, E accrescentais que foi essa conLradicção do que na mesma pessoa do Jesus. Que que assegurou o successo da sua obra. Na sign'.üca seu papel e sua pessoa no cara- verdade a contradicção é uma cou sa ex– cter e na obra que lho aLtribuis? Delio cellcnte; )paru fazer prodígios, bastará con– ti rais, o de suas acções, todo o divino : tradizer- se. Desta fórma devemos esperar logo, como concifincs a obra com o artifi- que fareis milagres. ce, a pessoa com a missão? A dar-se-vos Eis, caro Ernesto, quatro vícios cardeaes fé, Jesus n ada sabe da scmncia, n ada da sobre que tivestes a desgraça de assentar historia, nada do mundo ; elle é que pre- uma obra insustentavel: r1ffirmações sem tende transformar esse mundo de que provas, duvidas sem r azão, petições de nada sabe; e, o que mais maravilhoso é principi o, contrad icções com vosco mes– ainda, elle realisa um designio, que nem mo. Perm itti que eu vos assignale um ao menos conceber podia! - Dizeis, é ver- quinto vicio, que mais me affligo que tudo dade, que Jesus nüo éra o que poderia- o mais. E' o que chamarei as simpNcida– mos chamar um ignorante; mas como cha, des de vossa cri tica ; e já que isto salta aos mar á quem igno1'a ató esse pon to? olhos, solfrei a palavra á qu eima-rou pa, - Em todo caso, se o defendeis da igno- os 1'idiculos da vossa exegése. rancia, n ão o defendeis da simplicidalle.-E O ridículo, caro Ernesto, ó terrível em como então aquelle ingonuo mancebo de França. Receio muito que des ta vez con– Nazareth torna-se o grande iniciador do servareis sua ferida, e que todo o vosso muncto ?- Se delle mo fazeis um refor- ta.len to delle vos não livrará. Voltaire era mndor sem exemplo, porq ue apresentar- ài vertido; mas elle tinha o talento de con– m'o como um homem sem figura. - E se (l}liar- se quand mt!-me os chasqueadore~. Jesus ó este reformador, como póde ser Divertido, á fó que vós o so.is tambem, as esse homem ?-E se foi esse hoftiem, como vezes • mas de modo todo dIYerso_; as g~r– póde ser esse r eforf!!ador? - se elle foi O ga lh a~l ns já excitadas por vosso 11 vro ~11:– thauma tu rgo pelotigueiro, que me mos- vos-hão um pouco de que lado está o nd1 - trais aqui, _como será el~e o santo que culo. Debalde quereis se1!Jprc conservar mostrais alll? - Se e1le fo1 o thaumalur- vossa imperturbavel gravidade ; só alcan– go consciencioso, qual o fez o seu fana- çais ás vezes tornar-vos comico. t ismo; como póde ser o genio inspirado como, verbi gratia, ousaes dar para dis– que me pinta o vosso enthusiasmo? - sé . cernir a verdadeira critica, uma regra elle foi allucinado; como será sabio? - j destas : Para bom fazer a historia de u ma como, rmfim, s0ra <'llr no me~mo pa~so . rl'litriiío r ncrcssnrio trr rrido nrl/a, e é nc-
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