A Estrela do Norte 1864
&t :H MI# 4 f4 !Ni i S &tilli# MG:tt'üWl'Er➔ i-BW 4 4 O i1 só é dado ao Yerdadeiro christão com– prehendel-as o saboroal-as. « Cou sa admiravol I diz lontesquieu, a. religião chri stã, que não parece ter outro objecto senão a feli cidade da vida futura, faz nossa felicidade mesmo nes– ta!» (Esprit des lois, livr. XXIV, 221,222.) Nós terminaremos referludo um teste– munho solemne, irrecusavel, que- confir– ma a verdade de tudo o que acabamos de dizer; citaremos as mesmas palavras de Nosso Senhor Jesus Christo, a esse respeito: Quawite 17l'imum i·egnum Dei et justiti"arn ejus, et hrnc omnia adjici entur vobis. ( Luc. XII, 3i. ) Procurai, diz elle, antes de tudo o reino de Deos e sua justiça, e tudo mais vos será dado por accrescimo. Haverá, por ventura, uma promessa mai.;; clara e mais positiva? nesulta d'ahi evi– dentemen te, que se nós amarmos a Deos sobre todas as cousas, se estivermos no firme proposito de tudo sacrificar para ter o céo, olle, nem sempre ex igirá de nós a consummação do sacrificio; e se con ten– tando das di:;posições do nosso coração nos daráa felicidade da vida presente. ( Tracl. ele um seminarista. ) A t!O,!llUU"a G peiaB. Meu coração ba tia com mais força quando desci do carro diante da porta de Henrique. Eu ia tornal-0, a vêr depois de 15 annos el e ausencia. Nós tínhamos sido companheiros de cavalgada.s e pas– seios, companheiros do luar, companhei– ros de festas, de leituras, ele distracções, d'opiniões, de chimeras, emfim compa– nheiros de vinte annos. Tinhamos-nos assen tado á mesma meza, na ultima ve:;:, para o festim do sou noivado; e um dia depois, no meio desta grande festa de sua vidn, cu lhe tinha dito adeos. Privando– se de uma hora. de suas alegrias, olle t i– nha vindo conduzir-me, só, bem longe, não podendo deixar-me, nem cessar de me fallar de sua felicidade. Eu o tinha deixado como o homem mais feliz do mundo, no cumu lo de seus desejos, bem est~bclocido, cheio de confiança, cheio de pro.iectos. Seus sonhos de to, o momento vinham ornar sua: mulher, em])ellezar a sua casa, plantar seu jardim. - Eu veria como seus filhos seriam bem educados, elle m'os mostraria e eu seria o padrinho do segundo , ou quando muito do terc~i– ro ... Qninze annos se passaram depois, sem nos termos vi sto ; ha cinco annos apenas nos tínhamos escripio. . Eu _não ignorava portanto que _Henri– que tmha prosperado, que sua vida era tranquilla o que elle me amava sempre. Eu sabia, e e t:l\'n ainda mais contente, qoe elle conhecia e amava a Deos, e que eu acharia no am igo de minha jurnntu– de um bom christão, um catb.olico fer– voroso, um irmão. Sua casa era a mesma em que eu o ti– nha deixado e que elle habitava depois do dia de seu casamento. Quantas visi– tas que lhe fizemos antes desse dia! Quan– tos conselhos e deliberações entre nós pa– ra tornal-a digna da soberana que devi a occupnl-a ! Urna velha criada abriu-me a porta: -Ah ! ó vrnc. ! Eu a olhei: - Já não mo conhece? disse ella de novo. - Como! és tú, Margarida? exclamei eu por minha vez. Estiveste doente? - Ah! conti nuou Margarida., sim, t.i– Ye a doença de todo o mundo, e tenho agora quinze annos ele mais que á quin– ze annos passados. Dr quarenta e cinr,o cheguei aos sessenta, sempre sobre mi– nhas pernas . . . l\Ias não se inquiete por– que sei ainda fazer o bom bolo sa?'race-no . Era o sou grande talento que muitas ve– zes tínhamos celebrado. Eu prometti-lho o meu apetite de outr'ora. - E Henrique, como está elle? - Vai bem, e fez como vmc., esque- ceu-se de envelhecer. Como o sr. Henri– que ficará contente de o tornar a ver! Nunca deixou de fallar de vmc., quando eu lhe servia alg·om prato que era de seu gosto. Vamos, elle está lá em cima cow a senhora, na camara azul ; se lembra, acamara nupcial, como vmcs. diziam. Quanta alegria n'aquelle tempo 1 Margarida. tinha sempre achado não sei que graça nessa palavra de carnam nup– cial. Com bem custo ella chegou a pro– nuncial-a correctamente, e mesmo quin– ze annos depois ella ria ainda sem saber porque. · - Os moços, continuou Margarida, pa– rando para tomar folego sobre os degráos da escada que outr'ora ella subia qua tro a quatro como nós ; os moços tem sem- re palavras e iqéas .PFoprias ~ara fazei; rir! Quantas nao dIZiam vmçs. dou~. A's vezes me lembro de a_lgumas e n~o posso deixar de surrir. IJoJ e ~alvez ~~o seja a mesma cousa, vmc. nao as d1na mais e eu já não riria tambem. As pe– nas 1;os vem por tantos modos na vida deste mundo! os cuidados fazem por fim seu ninho dentro de nós, e nos tornamos tristes mesmo sem causa. o passo pesado de Margarida estava de accordo com a sua philosophia, e causou-
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