A Estrela do Norte 1864

_.fl IE!§'.!.'UEl,l,A DO l\'Oll'.1'.t:. direito de inspecção : V. Exc. sabe quan to se tem abusado deste direito. O Jansenis– mo parlamentar , o Fcbroanismo ou Jo c– JJhismo acobertaram constantemen te suas tendencias invasoras ob e te especioso nome de - Jus inspectionis c-frca sacr., - e até sob outro ainda mais especioso de - Jus protectionis - o que tudo bem se póde r eclnzir em ultima analyse a esta formu– la mais breve e mais expre siva : - Jns in sacra -. Precisemos bem o sentido da– qucllas palavras. OgoYerno tem direito de inspecção nos seminarios : - inspecção geral, de policia, para prevenir e punir desordens, vias de facto e quaesquer ofl'ensas ás leis do paiz e á ordem publica, nada mais justo ; ins– pecção de hygiene ou de salubridade exa– minando o material do estabelecimento, o numero dos alumnos, nada mais admis– si\'el; inspecção até de economia, infor– mando-se, se quizer, do bom emprego dos fundos publicos destipaclos ao semi– nario, mandando seus engenheiros revis– tar os edificios e saber os concertos que r eclamam, nada mais natural. Mas desta inspecção geral e ordinaria, desta inspec– ção de policia e ele segurança, que diz r espeito á ordem civil, inferir que o go– ve1·no tem direito de influir na parte mo– ral desses estabelecimentos, revistando os estatutos, suj eitando á censura de suas secretarias as dou trinas dos compendi as, marcando regras para a escolha dos pro– fessores e dimit tindo-os quando quizer, eis, Exm. Sr., o que os I:lispos do llrazil não podcriamos conceder , sem abdicar o uirciLo exclusivo que temos na direc.ção moral e intellcctual das escolac; sacerclo– tae. . ( Le Monde, jornal de Paris.) O oltaú.•eauiis11uo. \'oltairc, D'Alembet, e Frederico ll rei da Prussia: Eis aqui tres nomes, que ao pronunciar– se despertam logo a idéa da mais cle~.cn– f.read a impiedade, que correu cm mo no seculo XVII r. Est~s tr~s hom~ns primei os autores da consp1raçao anti-cbristã abominavam a relig ião, e tinham sua razão para isso : o primeiro porque rivalisava o seu autor, todos aquellcs que ella tem glorificado; o cgundo por isso quo tendo um coração por natureza frio , nada podia amar; e o terceiro porque nunca a conhecera, senão _pelos seus inimigos. Podemos nj1mtar a es tes tres conjura- dos Diderot, que tambcm detestaya a reli– gião, porque era nm maluco. l\luitos outros, como era natural, foram arrastados para e ta conspiração ; porém a ma ior parte, ou cntrar:un como admi– radores es lupidos, ou como miscraYeis agent es secundarias. Omel estava dentro do cortiço, e elles zumbiam cá pol' fóra , e algumas ·vezes até enchotaclos como mo - cas importunas! Voltaire era o chefe, porque lá es tara prophetisado por Jay : - i"nfeliz, t ú se1·rís o porta-estanclw·te da impiedade. D',\ lembert era o ag-ente mais astucioso, Frederico o protec tor, eordinariamenteo con ·elheiro; e Diderot em o menino verdiclo. Estes homens no seu orgulJ10 propoze– ram-se derribar o christianismo por com– binação de certos meios e um concer to de intelligencias secretas, que caracteri avam uma verdadeira conspiração contra os al– tares. Todos os conjurados tem então uma lin– gu agem secreta, todos uma senha, Lodos uma especie de formula inintelligivel aos profanos; mas cuja explicação occuUa descortina e recorda immed iatamente aos adeptos o grande objccto da su a con pi– ração - écrasé zl'infame - trazia Voltaire i nscripto no estandarte, que carrcgaYa diante da procissão dos tol os enfatuados, que o seg-niam . E é este mesmo esp írito o que tem ani– mado a todos o. ímpios que de tempo em tempo apparecem macaque~do aquelles sophistas, e repetindo suas estalida face– cias contra o cruo ha el e roais aug·usto na relig'ião, cm uma palavra blasphemcmdo aq1tillo q1te ignoram . Olham estes illwninados para as insti tui– ções religiosas como um anach ron isrno no presente seetllo. Enganam-se : a reli– g·ião será a seiva de todo o g-ranclc, de torto o bello, e ele todo o subli me em todas as edades, porque a sua influencia mm im– mediatamen te do céo. Foi , é, e ha de ser. O voltaireanismo , sim, esse qu e YC~tl_?– se forçado a desamparar a sua _pos1~~0 não poderá ma.is reobtel-a ~m !DJllrHt da marcha progr cssi vo. das sciencHl que a r eli "ião abraça como suas melhore alliadans, na obra ~a ci_yilisa~ão. E' que a verdadeira sciencia nao é ? fôfo pedan– tismo com que se pretende impor ao vu~– go. Bem di sse um qu_e tamb~m era plu– Iosopho, e por i:c;so nao suspe) to: ~ Para alguem poder satisfa::.er-se _com Voltai:e é ne– cessario que reimci duas c-ircumstarzcws que tornam esta situaçao bastante triste, e vem a ser amais profundei ignorancilt e amais àcplo– ravel frivolidade. Voltaire D'Alemhert, Frederico n eto-

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