A Estrela do Norte 1864

I 316 os erros qne se amam . Uma dissolução de coração nunca deixa muita liberdade á razão. UEna U!>ll aã . (Con tinuação. ) Um dos principaes effcitos da paixão ó IT. o de enfraquecer e cegar o enten<limcnlo. l'óde-se dizer que em pontos de religião As reflexões do nosso an1igo pareciam qualquer paixão ó um prestigio. E a fallar absorvel-o completamente, de viar delle a verdade, que prova mais sensível, do todas as lembrarn::as das cousas do tem– que a obstinação dos Lutheranos e Calvi- po, q11ando derepente a porta abriu-se, e nistas? Não ó a razão, e muito menos o entrou um mancebo que, pondo a mão a.mor e zelo da religião, quem os faz tei- sobre as espaduas de Edgard, poz-se a 'm ozos. Cessem as preven~ões da vonta- cantar não sei que palavr(!s d'um pcda~o dt· ; dê- se menos attenção aos sentidos; de Robert le Diable. Como Edgard nüo se tenham menos :mperio as paixões; des- movia: terrem-se as razões do in teresse e do esta- - Pois bem ! meu caro, cstaes ainda no do, e elles c;e wnverterão logo. mundo das chi meras ? Acorda-te, dep res- Que povo cm outro tempo mais chris- sa, porque tenho que propor-te cncanta– tão, mais zeloso da fé, mais religiosa- doras "1 rcaes distracções. mente unido á santa Sé Apostolica, do que - Obrigado, Arthu r, obrigado. Esta se– o povo, e gentes da Inglaterra? Poucos mana não. Estou padecendo, estou triste. thronos ha em toda a Europa, em que se ão me divertiria e nada me poderia di– tenha~ assentado taritos santos reis; pou- ver ti!'. cos rern~s h~ Ill' mundo c~ristão, onde - Como qui~eres, cai..o amigo, viva .a por quas1 mil e duzen tos annos a Igreja melancolia ! E' uma cousa encantadora, Yissc tão fer vorosos tieis. Apaixão desen- e mu ito a moda. Aproposito, viste a nova freada de um príncipe voluptuoso assola acquisição do conde ? Um soberbo caval– em poucos annos tod a esta florente vi- lo inglez, do mais bello sangue. E' um nha do Senhor, e faz infructifero um cam- animal de cinco mil francos. E' de graça. JJO até áquelle tempo fertil. · Quanto a Ernesto eu vi esse famo o cão , Henrique vm repudia sua legitima mu- cuj a e; orelhas nos ator doavam estes dias; lher, para casar com Anna Bolena. AIgre- terrível, meu caro, t errix.el ! Sabes que .ia condemna um divorcio e um adulterio Chassais brigou com IfoubaULl? Não sei tão escandaloso; e Uenrique se rebella porque ! E', julgo, para sustentar a honra contra a Jgreja ; uma paixão •ictorio- d'alguem que pouca tem . Emfim, Rou– sa nú.o se contenta jamais sem chegar bard facilmente lhequehrou duas costel– ao extremo. Este príncipe renu ncia a fé las e passou-lhe o pulmão; ell e morreu, para seguir a sua paixão; e a sua paixão I prornvelmente. E' grande perda, ehas– .iá furiosa por es tes primeiros excessos, o I sais era um bello rr. ancebo. conduz logo ao ultimo precipício. Elle - Vamos, Arthur , como fallas da mor– muda de religião, atropella todas as leis, te ! Não pensas que nós somos baptisa– forma um novo systema de Igreja, e por I dos ? um progresso de erro, que 6 a ultima ce- - Perdão I eu me esquecia de tna me- gucira, se faz a si mesmo cabeça dclla. lancolia. Entre nós minha morte me eles- Eis aqui o famo'.io fund a <l.or da Igreja agradaria mu ito ; mas ,l de outrem, pa– anglicana, e a celebre ápocha da sua fun- lavra de honm, meu c:aro, é a lei. J\las dação. Uma fórma de Igreja ignorada dos mudemos:de assumpto, sou pouco aman– primeiros christãos, encerrada na nação te da phllosophia. No sabbado virá8 á ingleza ; uma paixão infame supprin- Longchamps comigo, tenho dous magni– do a falta de revelação; um parlamento ficos cavallos de sella á minha disposi– se~vindo cm lugar de concilio, e homens ção ; ou, m~ntarei n'um, e tú tomarás ou– ah~s de bem e_ do juízo, polidos, e in s- LJ ro, esta a.Justad~. trmdos nas mais bellas artes não conhe-q - Mas meu amigo ... . cem o ridículo deste horror~ o chaos de/ -Como ! ainda um embaraço ! sobre religião, deste confuzo aggregado de sei- que herva andas tú? Além disso é um tas de todas estas monstruosas fantasmas negocio com a condess1! ! Nós somos seus de Igrejas? Quão longe vão as desordens · dous cavalheiros obzequiosos. Eu vou ao do coràção hum o.no , quando se tem per- espectf!:culo, v.ens? Isto te alegrará? dido a fé ! - Nao., ?bngado. - Dcc1d1damente . minhas proposições nada alcançam ; deixo-te até amanhã . - Adeus, caro Arthur; um outro dia me ncharás mais alegre.

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