A Estrela do Norte 1864
.._ l'i~'.l'B.U:.LLA\. DO l'iO U 'Jl.' É , 3 11i +z a:aw•1• F-a!...L'd. Bl'DliL1,1cc u s11 ~fW"IIDID - Não me pertence proval-o. llfas cum– pre-lhe mostrar-me como errei. - Perdão I O senhor a ttaca a religião. Ora não deve a ttacal-a sem as provas . ... - Mas , mas . .... - E' como tenho a honra de lhe dizer . Entre tanto quero responder-lhe. Segun– do a doctrina do meu amigo, a r eligião é uma superstição; as pessoas r elig·iosas es– tão no erro, e os incredulos tem razão. - Sim. -Tudo isto o levará longe. Se o senhor é eonsequente h a de admittir que é u ma estupidez adorar a divindade, e uma vir– tude zombar della. - Não, não vou t:'io longe. - E' que a rectidão natural da consci- encia o retem. - Por favor não colloque a discussão no terreno da consciencia, porque neste terreno eu serei espanca do. Vêde, minha consciencia e weu espíri to estão em des– accordo, meu coração e minha cabeça não podem se en tender ... A! minha alma é uma arena onde se dão cruéis comba tes 1 - Ma s póde-se concer tar a machina , e restabelecer a h armonia. - E como então? - 'ão é verdade que seu coração se ele- va n atu ralmente ú Doos, como o men ino anceia pelo seio de sua mãi ? - Na verdade eu tenho este instincto, principalmente nas horas das tri stezas, das decepções e das penas da vida. - E' preüiso, meu caro , r espeitar a na– tureza. E' preciso dobrar-se a estes mo– vimen tos de seu coração, á es te grito de sua consciencia. - Mas eu não posso pôr o meu espiri to de accordo com a minha consciencia. - Vejamos ; tenha a bondade respon– der-me fra n camenl e : póde o erro produ– zir o bom, sendo elle u m mal ? - Não, porque o mal só produz o mal. - Maravilhoso I mas considere que a religião faz bem. - Era ahi que eu esperava-o! Que bem nos faz a religião ?? - E não sabe que ella é o sustentaculo da sociedade? leis; mas ella mesma repousa sobre are– ligião. - Como en tão ? - Leia a h istor ia, e verá qu e os povos os mais religiosos foram os mais mora– lisados, e que á decadencia dos costumes succedcu sempre a decadencia da religião. - Admitto de boa von tad e que a reli– gião mantem a mo ral, e qu e a moral man– tem as leis. 1las não obstan te, n n falta de uma e ou tra não temos a policia para man tel' a ordem? - Sim , como os med icamentos para cu– rar as doenças. - Sua maneira de pensar, senhor , me par ece fu ndada ; mas por que razão se tem dado tão pouca i mportancia á rellgião? - Está 110 erro. Saiba hem que os an ti– gos len-islaclores a tiveram sempre em grande estima. Assim Lycurgo, Dracon, Solou , que formaram as republicas mais fl orescentes da Grecia, fizeram da relig ião a base de suas institu ições. Romulo e Nu– ma seguiram a mesma r egra. Os pbiloso– phos mais celebres estiveram el e accordo com es tes leg·isladores ; Aristoteles e Pla– tão representam a religião como a prin– cipal origem da felicidade e Lranquilli– àad e dos Esta.dos. E talvez que eu lhe cau– se admira~ão d izendo-1110 que Platão qu e– ria que se publi casse leis sevtr-as contra os dclictos da impiedade, principalrne:a– te contra o sacrilegio e o atheismo, aos qu aes, segu ndo elle, se de, ia infligir em certos casos a pena de morte e a privação das honras da sepultura. Eu poderia ci lar– lhe Lambem textos de Cícero a favor da r&ligião, mas isto basta. Que diz ? Nãô te– nho gi;andcs predecessores? - Con ·idero- mc feliz, senhor, de ter re– cebirlo es tes esclareci mentos. Elles derra– mam em meu espírito u ma noYa luz de qu espero aproveitar : d'aqui em dian te sere i mais r eservad o nesta grave questão. Oito isto, aper tamos affec tuosarnente as mãos, e prornettemos nos ver de novo. J . l. DE QUEIRÓZ. ( Tl'ad. ) - Em minha opinião, não é. 0 Va 1•i e c a , e s . - Entretan to é bem simples. Veja : E' ai impossí vel governar- se uma sociedade o p.,1mn~ LKCORDAinE E o PHILOSOPHO, desmoralisada, não é assim ? - Confesso que a moral é necessaria. - E qu al é a base da moral ? - São as leis. - ~em, remetamos : de que serviriam as leis se o povo fosse dosmoralisado? - E' verdade que se torna r iam impo– tentes. - Portanto, é a moral que ó a lnu1e elas O pa.dre Lacorda.ire se achava um dia por acaso m um cer to jan_tar a_o lado de um atheu : O incredulo d1sr utrn l<;> nga– mente e sosinho contra a ex ist~ncw. _de Deos, e como nenhum dos conv1,·as d1g:– nou-se respond er-lhe, s~u. o~gulho el e ph1- losopl.o se ir ritou ; e d1n gmdo-se brus– camente ao celebre domini cano :
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0