A Estrela do Norte 1864
.. - Então! i\leu amigo, disse-lhe o prin- tinha jurado pela sua har ba. - Eis pois cipe com bondade, és feliz? E a tua casa Ben-Adab tornado senhor, possuidor de é commoda ? magnificas terras de quinze leguas de cir- - l\lu ito commoda, senhor, r pondeu cumfcrencia. dono de um dos mais es- o pastor, e cu so1,1 muito feliz; porém fül- plcndiLlos palacios dos arretlores de Bug·– ta-mo uma cousa indispensavel: um re- dad, servido por milhares de escravos ; banho cotno o do meu visinho. Se eu não apenas dizia uma pala\Ta, ou exprimia tiver algum gad o nunca poderei viver um desej o, tudo se fazia segnndo a sua desafogadamente. Venho pois pedir a V. vonta<le. Mas não tinha que fazer : não A. que se digne mandar dar-me ahi umas sabia ler, nem cscrev11r; começou a abor- doze cabeças. recer-sc . ... . . - Na verrlade, replicou o califa, quem Um bello dia, disse elle : "Não hei de tem um campo, pr1:cisa de gado. Terás o soITrer por muito tempo uma tal vida l qu e pedes, e cs-:o lherás d'entre os meus Um homem como eu , não póde ficar na rebanhos o gado que quizeres. Vai-te em- obscuridade. E' nccessa rio lançar-me no bora, e sê t'di z com o teu rebanho. g-rande mundo ; é neccssario adquirir in- Eo pastor escolheu duas pequenas duzias flu e.ncia 110 mundo político. A polilica a e meia do mais J101!0 g·,ulo de S. A. u Serei, politica; eis O qn c me falta. n dizia ellc ba ixinho, e fregando as mãos, mais rico uo que O meu visinho. Agora E depois do haver ruminado esta idéa , sou O homem mais fel iz do mundo. ,, depoi s de haver fo rmado varios planos Sim; mas é que O seu campo era muito ( absurdos como bem se pôde suppor ), de– pequ:i:io paru tão brllo rebanho . Alem pois de haver n'rn.dur 1 mente comparado a ct:sto havia a um quarto de legua uma sua capacidade comps dirn,sos empregos fazenda mnito bem tratada, muito boni- do go\'erno, Jiri giu-se um dia ao califa, ta e muito renrlosa. e declarou-lhe que se elle queria tornal-o O nosso homem já não se contentava feliz, e cumprir a sua palavra até ao fim, rom o riuc ti nha . A nda,•a I)ensativo e tris- devia nomeal-o seu g-rão-visir, seu pri- meiro miuistro. te. Uma noite disse ello para a mulher : « N6s níio poderemos ser felizes seni-io O príncipe e ·teve n. ponto de se encole-• quando tivermo, u ma pequena quinta, risar, e do i'azcr expiar a Ben-Adab sua cc,mo aquella que aq11 .i fica perto. Ama- orgulhosa temeridade. A idéa comtudo nhã vou á Bag-dad para tratar des te nc- lhe pareceu engTaçada. « Quem sabe ? Pó– i;ocio ; l'erei se posso füllar ao califa, e de ser que debaixo desta casca grossa es– pedir-lhc-hci que me dé aquella pequena teja o gormen el e um grande homem. » !'Jz .nua . o que cí isto para elle ? » Satisfez logo a sua preteni;ão, e mandou- Se bem o disse melhor O fez. 'o dia se- lhe dar immcd iatamente o turbante de guin te fez o prd ido ao califa; este, depois grão- visir. de u ma reprebcnsão ami gavol, mandou O grão-visir 111 ettc mãos á obra. Pri– dar ao seu protegido a dita faz l:'nda, e meiro que tudo não entende nada dos ne– acon:;1:lhou-lhe que nii.o seguisse tanto as gocios. Acha-se cer cado de petições, de f;ll:J.S id•.1as do cngrandccimenlo. requerimento queixas, etc. etc. Con- -Oh ! Agora, respond eu nen-Adab ( era funde tudo; quando deve recusar, can- o nome dopa t,1r ), agora acabaram todas cede; quando deve conceder recu a. o as minhas amLiçõcs, e não tenho precisão califa regeita alguns planos que levou á de mais mada. • sua approvação. Agas ta-se, aborrece-se E todrn ia tres mezes depois procurava e inquieta-se; nunca se l"iu tão de gra– ellc de norn o seu bcmfeitor, um pouco çado. envergonhado, é verdade, mas muito de- « Que vida, que vida ! exclama elle ao cidido a pedi r mais alguma cousa. Tinha deitar-se ; como é que um vi ir póde vi– visto um rico senhor da visinhança: o· 1ver um mez? Eu não ~ou mais do que o explendor da sua comiti_va, a ~ua vida primeir~ es~ avo do califa. E' elle que me r cgalaua e ociosa, a magmficencia do seu contrarrn em tudo que eu quero fazer . pahtcio tinham de tal modo sed uzido o Agora percebo cu bem a razão disto; para coração do ambicioso pastor, que dis- eu ter a paz e ser feliz 6 neccssario q~o eu so ~omsig·o : u Nunca poderei ser feliz seja o sen or . .. Se o califa mo qu1zrsse sen~o quando cu puder viver como aquel- ceder o lugar, como tudo iria bCJ? 1 · · · · " le vive » i. _e confiado na promessa do po- Ben-A.dab pen. a nisto locla a no! te. Con– der oso ca11fa, foi pedir para. JJassar a gran- vence-se cada vez mais da nece~s!dade do de scnh_ol'. poder absoluto par_a a sua fc1Ic1dade ,i e o callfa fez algumas obj eções mas nen- a.penas o califa se trnl!a leva:n.tado , Ja o Ada !) ref'ordon-lhe o r;m1 ,im·,rn.;Pn to; elln sr n l!l'iío-vi~ir improvisado rntrod11zido
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