A Estrela do Norte 1864
-~ ~ '.ll'B .IE.L.LA . D8 N@.R'l'E . se a perconer toda a sua corresponden– cia, guardada em uma banquinha, jun– to do chaminé pelos cuidados da criada. - Ah I exclamou elle de repente, uma carta de Cecilia 1 Edgard impaciente por saber o que ella continha, abriu-a immediatamente, e poz-se a lêl-a em voz alta : « Eis-me, amado irmão, só, na cella de nossa mãi, morta nes te dia, a dez an– nos. Seria para desejar que es1ivesscs junto de mim para fallar-te das nossas dõres, e tambem para receber a consola– ção de tua generosa ternura; mas, ah! Paris te retem. Deixa-me pois fallar-te do emprego do dia que vai terminar-se. « Eu ouvi esta manhã muito cedo, a missa do nosso cura, que a dizia para allivio de nossos finados pais. Sabes quan– to sou menina nas minhas devoções. Tinha-me collocado no velho banco da familia, onde ha muito tempo me as– sento só. Eu estava naquelle logar, on– de minha mãi muitas vezes orou por nós, feliz em confiar a Deos o cuidado de sua união commigo, em minha intenção. Na sexta-feira estaremos reunidos ao pé da cruz ; é o logar das orphãsinl!as, que ahi encontram uma mãi; e no dia de pas– choa nós nos escreveremos, ainda eu d'aqui, e tu de Paris. Não é uma sema– na bem regulada? u Agora tudo dorme em tua casa. Acre– ditai-me: ahi passarás ainda muitos dias, se Deos se dignar ouvir as supplicas e abençoar as resoluções de tna cara << Cicilia. « Sabbado Santo de i 840 ás i O horas. ,, Edgard acabou esta leitura, com a voz commovida; quiz com tudo ler e arti– cular cada palavra como para melhor penetrar-se della. Depois poz cuidado– samente a carta em uma caixinha fecha– da com lacre, collocada sobre um escrip– torio, e elle se pôz a pensar. (Continúa.) tenra famili a já quasi orphãsinha. Lá, @i.•e1muso el o tlmnia11go aliante cio nesse mesmo logar, orei muito por ti, bon1 s e 11so alo oaee1•,u•io. meu bom amigo, minha unica ail'eição, neste mundo. Pareceu-me, não sei por- Ouve-se por ahi a cada passo um ar– que, que minha oração sahiu mai s vi va ·gumento muito tolo, que tem sido es– de meu coraçã? 1 como se eu tivesse mais palbado com profusão por toda a parte, necessidade deua. e que se tem reproclusiclo com a facilidade (( Acabada a missa fui visitar nossos com que se reproduzem todas as inepcias: pobres, como minha mãi nol-o recom- eis-aqui o tal argumento : (( Todos os mendava. Lembras-te, não é assim? que J.ias se come logo é necessario trabalhar poucos dias antes da n 1 orte de nosso avô , tambem todos os dias, tanto nos domin– durante a novena que ella fazia para gos e dias sanctificados, como nos ou– obter sua cura, nos levava depois da mis- ·t ros « sa á casa do pobre idio ta, que ninguem « Poder-se-iam apresentar noventa e queria vêr. Minha mãi o amava porque nove boas razões para provar, que isto (dizi a ella ) elle nunca off~ndeu a Dcos. não tem senso commum. Mas para Ella Linha fé em suas oraço?s confuzas e não enfastiarmos os nossos leitores que mal articuladas; e verdadeiramen te pa- desejam que sejamos breves, contentar– receu-me muitas vezes que a caridade nos-hemos com tres razões. de mamãi lhe abria um pouco o e_spinto; A primeira ó, que aquillo, que prova dir-se-hia que ellc a comprehendia: era demai , nada prova. Assim, se não fosse talvez suas almas que se fallavam. necessario comer senão nos dias em que << Eu pedi pois a tua velha ama, que se trabalha seri~ necessario supprimir rezasse muitas vezes o Padre-Nosso em para o ope'rario não só o descanço do tua intenção; ella quasi se enfada com domingo e das festas da Igreja, mas o isto. Creio firmemente que tua dedica ]b das fes tas publicas, o das festas de fa– não lhe causaria pouca a®niração ; tan- milia, o das festas d~ Estado, e1:1 uma to seu filho parece reunir a perfeição ter- palavra tudo, o que da ao operaria uma rena á celeste I pouca de alegria e de satisfação. Se não « Esta tarde, depois de ter feito uma se devesse comer senão nos dias em que visita no cemiterio aos nossos amaàos se trabalha, . o operaria não seria então defuntos, fui v_êr as irmãs ele escola, ~ um homem li vre, m~s um popre escra– fazer suas fllhmhas can tare!Il ; ent~01 vo , amarrado á _sua bigorna, a sua ser– aqui para orar e pensar em ti, meu ir- ra, á sua_maquma etc. Não teria nun– mão muito amado 1 . ca um dia para crusar os braços, para u Eis O emprego da segun~a-feira san- es tender os musculos e para respirar um ta. communga na qui!).ta-feira_santa em pouco de ar puro.
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