A Estrela do Norte 1864
IES' 'RELL fecha o olllos á luz, o .iá núo existe Deos !- -Systema fatal 1- Apparcco na sociedade um homem des– ses, o ella tom do solfror um mal pro– longadissimo. Se ollc falla, as uas pa– lavras trunra.das, e s 0 mpr e comprimidas nos labios, unnunciam um e tado do t11- 11111lto, de di corcli a entre as faculdades mcnlaes ; um es tado em que tudo é hor– ror o morte : se elle obra, a sua liber– datl:e se desvaira, as suas acções são cri– mes e seus crimes são llorrivois - Vede-o 'l,uando caminha nas praças publicas: não tem o ar venerando do homem probo, <lo cidadão sis udo; tem, polo contrario, uma palli clez eterna impressa na sua fron\e : o silencio marcha a seu ludo, a inqnie– tação pinta-. o cm todos os traços do seu ros to, o terror o as alta a cada momen– to, luctarn dentro do seu coração as pai– xões e a rasão , tudo é tenebroso em tor– no delle, e em parte nenhuma a paz o acompanha. A probidade está distante ,la sua habitação, e nella a honra jamais se poizará um só momento. Se houve antigamente uma sociedade de homens tacs, cujas vidas passa\·am por bem re– guladas, cu,i os costumes pareciam mol– dados pelo typo da moral mais pura, ella não passava de uma apparencia : o pu– nhal, a espada, - todos os crimes junc– tos - oram a companhia inseparavel ele tacs especuladores, durante o espaço qv c a noite lhes deixava elepois do multipli– cado bulício do elia. - A uni ca repres– são que para elles ex is te é a elas penas humanas; mas que valem csta1>, quan– do o gelo da indiil'erença, ou elisscrn.mos melhor, o gelo da morte, entorpece o sentimen to do bem no fundo elo coração, n enhum eJTeito pócle pcrrnittir que cn- ro no meio dos males que já estão pra– ticados ? A ieléa de Deos seria em tal caso a unica qne poderia produzir consequcn– cias favoravcis, mas n ão a possuo, não a póde possuir qncm não crê em Deos. - Se elle gasta os seu s thesouros na fabri– ca de soberbos palacios, na construcção de casas magnificas, quanto 6 pobre no intimo do seu coração, onde nem seqn brota flor sem n.roma, um· flor ele sin– gclesa e doçura! Ko meio das turba<; que 0 cercam, ou n os sumptuosos festins que prepara á sua cobiça , _es tá elle pip.lado como 11 m cadaver puLndo que a mao do artiflcc Yai apenas collocar no espaço de um caixão emhalsamauo; o ? pohro ch o– ra. ú sua porta, e o paralyt1co pede-lhe um pão para mat ar a sua fom~, ~ ~/nLc malavcntnra<lo Julga q1rn nunen se!a po– JJrr, dr ·crml1orc o prcccilo da cancladi• , porque dcsconhec o auctor des e pre– ceito, e despede o pobre com o riso elo escarneo na fa ce, e a indi ffcrença no co– ração! Olha para a sociedade· olha cm roda de si : Yê homens como ellc mas que so r unem, qne se abraçam quo se fratcrnisam ; olha vê a Yirgem que ama a Dco , che ia de recato e de modes– tia, a esposa que lambem o ama, com seu filhinho no braço , entregue aos seus cuidados de m:li, e e sa outra que j á vio descer ao tumulo um ob,iec!o de sua pre– tlilecção ; quadros ão esses que nada o commovcm, porque cllc ignora o que seja religiãc, ou, ante , finge ignoral-a; o que duplica a sua bru talidade, e con– verte .o seu erro deploravel em crime – e crime enorme !- 'em a candura ela virgem, nem a magcs tade da ospo a, nem o venerando silen ·io da viurn, nem o grito affli ctfrn do miseravel que ~-eme a dor, encostado ao muro que ameaça ruina, nem mesmo o espectaculo pavo– roso da naturesa quando o bulcilo sopra trcmenclo, e reYol ve o seio elos mares, póde fazer com que não afaste o seu pensamen to de Deos. E é assim qne neos não existe ?! As aves o cantam , os bru– tos o louvam, as hcrvas o conhecem, o occeano o bemdiz, tudo respira porque clle existe ; e o alheo - só o homem! - é frio, é gelo é nada diante de tantas pro– vas, l{uan tos são os diversos quadros da naturesa ! - E terá elle alivio com a morte? -Ter– rivel quadra ainda -aquella em que elle presente crue seu fim es tá proximo : as ancias, a'i angu stias, os medos, os terro– res, o espanto , a dor, a confusão, a in– certcsa, o inferno cm braza, se apresen– tam ao athco moribundo; <"raYam no seu coração que a ineliffercnça ompedcrnio, cravam-lhe bem no fundo o ferro agu– díssimo do remorso ; cil-o no horror, no meio da amargura, querendo inquieto, de.,cjando ancioso, levantar seus olhos seu pensamento áquelle de quem sempre os aifastou. ... - E já nesse momento a eternidade o chama, o archanjo ~a mo~– te echôou-lhe no ouvido, a ex1slenc1a se es vaneceo, - e uma campa para elle se abrio - Dorme em descanço ?- r epou– sa em paz? .. . para que n~o. J;>rocurou ello na cloçurn immensa do smcidw ampla colheita de bens o felicidatlcs? . . . Mas já não exis te 1 ( Coritinúa . ) 1.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0