A Estrela do Norte 1864
A\. E S'.Il'RJE.U:..ILA\. DO NOUTE, alma, ah ! ainda muito indigna das ale– grias da patria. « Eu yos confio meu pai, amai-o em meu lugar nes te mundo. Eu o amarei, ainda mais, no outro . Dizei-llie crue sua querida filha lá o esperará para nunca mais o deixar. Ahi nos correrá um Lempo, em que não haverá mais, nem lagrimas, nem separações. « Adeos meu Padre, adeos nes te mun– do, até nos tornar-mos a vêr no céo·! « Benedicta. << Como rellgiosa : Irmã Maria da Com– paixão. n Qua tro ou cinco dias depois, a supe– riora me escreveu annunciando a morte desta piedosa santa ; era assim qu e ella a ch amava. Lord llacton e sua familia viajavam en tão na Jtalia. A noticia des– ta mor te deveria tel-a achado em noma. Eu parti logo para IJacton-Castle, e quiz visitar ainda, sob a impressão de todas as minhas lembranças, os logares onde se tinha passado os primairos annos de Benedicta, onde se tinha decidido sua vocação. Pe-rcorri, com o coração com– movido de uma doce tristeza o parcrue, os q1111.rtos, e a capella. Quiz mesmo en– trar no quarto quo a donzella tinha oc– cupado. Um Yelho porteiro, commovido como eu, me abriu a porta. Nada estava mudado . Um g-rande crucifi xo es tava collocado no escriptorio, e o bom Wil– liams disse-me que Lord Ilacton ahi mu i– tas vezes se fechava para orar. Um livro estava collocado junto. Eu o abri, e cm uma folh a branca li, cscrip to pela mão de Bcnedicta, estes versos fran– cezes cujo autor eu conheço : De brando sopro impellida Tremular hadc a bandeira, Que, passando por primeira Meu enterro hade guiar ! Da risonha primavera As tenras, mimosas fl ores, A terra com seus odores Devem commigo baixar! o sino, que tan tas -rnzes Enlutou-me o pensamento, E cuj o friste lamento, Ser- me-ha da morte o pregão; Fez de prazer verter prantos M~oha pobre mãi um dia; Ai 1 ~ra o mesmo em que eu via Da vida o falla.z clarão 1 Adcos, ó verdes campinas, Onde errando a phan tazia , Que agora acal.Ja, s·esfria , Eu mu itas tardes vaguei ! Adeos, bosques solitarios Que só do meus ofüos vistes Correrem lagrimas tristes. . . Eu nunca mais vos verei ! .. . Esta elegia, simples e piedosa, que Miss Benedicta tinha ou tr'ora escolhido para adoçar um instante de melancolia, me pareceu neste momen Lo, um echo da mesma voz d'aquella cuja mor te cu não "quero chorar . Tomei esses ver os tocan– tes, como se toma uma flor da margem d'um tumulo amado . Vós que os lerdes depois de mim, com– preh endereis bem, que isLo é uma h isto– ria verdadeira ; e pedi a Deos se for do vosso agrado, que tenha piedade de mim e que conceda-me a graça de morrer co– mo llli s Benedicta, com a -alma serena, e os olhos elevados ao céo. ( Trad.) A. 11,1obr eza. Que uns vivam cheios de mi– mo e onsolaçõe do céu: outros andem sempre desconsolados , fami ntos , e desfavorecidos del- i e . .. . . . Fn. L UIZ DE SOUZA. nicos da terra, vós que gastais su– perfluamcnte vossas ?idas e haveres em banquetes e fes tins, o que nunca tendes uma lagrima para consolar o desgraçado, fazei por conservar-vos no pinaculo da grand eza e da pompa, para não vestir– des os a.ndrnjos da mi soria, nem vos abys– mardes na profundidade da. indigencia. Vós que nascestes na riqueza, vos cre– a.s les nu opulencia, o viYcis na abun– dancia, não conheceis as precisões do pobre. A vossa existencia corre alegre e feliz- vossos dias passam-se com rapi– dez e folgança-o mundo vos acumu– la de prazeres e encantos, e só encon– traes obstaculos aos vossos gozos , quan– do a carreira dos Yossos dias es tá fi n– da, e o tumulo vos chama - para dor– }'nirdes o somno do repouso 8terno . O viver d desgraçado e do pobre po– rem é uma cadêa, cuj os elos são for– mados de angustias e pezares : cuj a f~– licidade é tambem a campa, em que I!,ua sempre descança das fad igas do dw. e das vigílias da noite. Se tivesseis diante dos olhos as sce– nas, que de continuo s~ passam .no c~n– tro de uma familia ind igente, cuJ a umca riqu eza r a honra :
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